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 ==Importância de fatores locais e regionais na estruturação de comunidades em um contexto histórico e evolutivo== ==Importância de fatores locais e regionais na estruturação de comunidades em um contexto histórico e evolutivo==
 +((Apreciação Geral: uma revisão abrangente do assunto, bem articulada e fundamentada. As duas críticas que tenho são: (1) Não ficou claro para mim qual o impacto dos conceitos discutidos em sua pesquisa. Como conheço um pouco sua pesquisa e sei que ela está exatamente neste contexto teórico, minha hipótese é que apenas fazer a revisão do tema já lhe pareceu auto-evidente, mas não é. (2) A revisão é bastante completa, mas o preço que vc pagou por isto foi deixar de explorar ligações entre as proposições teóricas, e as possibilidades de formarem um corpo teórico integrado. Por exemplo: quais as relações entre a nova teoria de metacomunidades e o binômio clássico local/regional de Ricklefs e colaboradores? Como estes dois conceitos podem dialogar com toda a escola de filogeografia (para além de comparar clados irmãos e convergência fenotípica)? Qual o papel de diferentes processos de especiação na riqueza local, e vice-versa? Cada uma destas perguntas já resultaria em um ensaio, e algumas delas foram mencionadas neste. Mas me parece que prevaleceu o caráter de revisão bibliográfica, mais do que de ensaio. ))
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 +Paula Hanna Valdujo
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 +Importância de fatores locais e regionais na estruturação de comunidades em um contexto histórico e e evolutivo
  
-Importância de fatores locais e regionais na estruturação de comunidades em um contexto históricoe e evolutivo 
 Compreender os fatores que determinam a distribuição das espécies pelo planeta e os padrões de diversidade resultantes tem sido um desafio que interessa a ecólogos e biogeógrafos há muito tempo. Desde a década de 80 e, com maior intensidade, a partir da década de 90 diversos estudos enfocando o papel de fatores regionais na estruturação das comunidades foram publicados. Os termos "local"e "regional" referem-se a escalas espaciais nas quais predominam respectivamente processos ecológicos e biogeográficos (Cornell e Lawton 1992). Estudos têm demostrado a importância de processos que operam em cada uma das escalas na estruturação de comunidades (eg. Paine, 1966; Mittelbach et al., 2001). A relação entre as escalas local e regional não pode ser definida simplesmente como comunidades locais sendo amostras do pool regional de espécies, já que o conjunto de espécies em uma região é, por definição, a soma das espécies que ocorrem em comunidades locais nesta região (Cornell e Lawton 1992). Desta forma, a compreensão da estrutura das comunidades e de seus condicionantes dependem de um enfoque integrado de padrões e processos e suas interações nas diversas escalas espaciais. Compreender os fatores que determinam a distribuição das espécies pelo planeta e os padrões de diversidade resultantes tem sido um desafio que interessa a ecólogos e biogeógrafos há muito tempo. Desde a década de 80 e, com maior intensidade, a partir da década de 90 diversos estudos enfocando o papel de fatores regionais na estruturação das comunidades foram publicados. Os termos "local"e "regional" referem-se a escalas espaciais nas quais predominam respectivamente processos ecológicos e biogeográficos (Cornell e Lawton 1992). Estudos têm demostrado a importância de processos que operam em cada uma das escalas na estruturação de comunidades (eg. Paine, 1966; Mittelbach et al., 2001). A relação entre as escalas local e regional não pode ser definida simplesmente como comunidades locais sendo amostras do pool regional de espécies, já que o conjunto de espécies em uma região é, por definição, a soma das espécies que ocorrem em comunidades locais nesta região (Cornell e Lawton 1992). Desta forma, a compreensão da estrutura das comunidades e de seus condicionantes dependem de um enfoque integrado de padrões e processos e suas interações nas diversas escalas espaciais.
    
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 Processos que operam em escala local, tais como interações competitivas, podem interferir em padrões de diversidade em escala regional, pois de acordo com Cornell e Lawton (1992), se a diversidade local é saturada, então a diversidade regional deve ser limitada por processos locais. Entretanto, devido a heterogeneidades nos ambientes, ocorre uma alta substituição de espécies entre locais o que parece atenuar os efeitos dos processos locais sobre a diversidade regional (Cornell e Lawton 1992). Esse padrão pode ser gerado também por processos geológicos, tais como eventos de orogênese ou epirogênese, que venham a isolar populações que, por processos locais de interações com outras espécies e com o habitat que sofreu modificações, podem sofrer especiação por vicariância (Brown e Lomolino, 2006), o que aumenta a diversidade regional pelo aumento da substituição de espécies entre comunidades, sem que a diversidade local tenha sofrido alterações. Isso deixa claro que tão importante quanto a escala espacial no entendimento da organização das comunidades é a escala temporal, na medida em que os padrões observados atualmente são o resultado de processos ocorridos ao longo do tempo evolutivo. Processos que operam em escala local, tais como interações competitivas, podem interferir em padrões de diversidade em escala regional, pois de acordo com Cornell e Lawton (1992), se a diversidade local é saturada, então a diversidade regional deve ser limitada por processos locais. Entretanto, devido a heterogeneidades nos ambientes, ocorre uma alta substituição de espécies entre locais o que parece atenuar os efeitos dos processos locais sobre a diversidade regional (Cornell e Lawton 1992). Esse padrão pode ser gerado também por processos geológicos, tais como eventos de orogênese ou epirogênese, que venham a isolar populações que, por processos locais de interações com outras espécies e com o habitat que sofreu modificações, podem sofrer especiação por vicariância (Brown e Lomolino, 2006), o que aumenta a diversidade regional pelo aumento da substituição de espécies entre comunidades, sem que a diversidade local tenha sofrido alterações. Isso deixa claro que tão importante quanto a escala espacial no entendimento da organização das comunidades é a escala temporal, na medida em que os padrões observados atualmente são o resultado de processos ocorridos ao longo do tempo evolutivo.
  
-Uma estratégia para reconstruir a história evolutiva e seus efeitos sobre a organização das comunidades é a utilização de táxons mais inclusivos, tais como pares de espécies-irmãs, grupos monofiléticos de espécies, gêneros, etc (Brooks e MacLennan, 1991, Ricklefs e Schluter, 1993). Os padrões correspondem à escala dos processos que os geraram (Ricklefs, 1987), e conjuntos de espécies-irmãs podem revelar padrões não detectados quando são apenas contados os números de espécies. Isso se aplica também a estudos de diversidade em escala global, que buscam entender como fatores ecológicos e climáticos atuam nos processos evolutiovs e biogeográficos para determinar padrões de riqueza (Wiens e Donoghue 2004).+Uma estratégia para reconstruir a história evolutiva e seus efeitos sobre a organização das comunidades é a utilização de táxons mais inclusivos, tais como pares de espécies-irmãs, grupos monofiléticos de espécies, gêneros, etc (Brooks e MacLennan, 1991, Ricklefs e Schluter, 1993). Os padrões correspondem à escala dos processos que os geraram((ou seja, padrões estão restritos à escala dos processos que os geraram? Os parágrafos anteriores argumentam o contrário)) (Ricklefs, 1987), e conjuntos de espécies-irmãs podem revelar padrões não detectados quando são apenas contados os números de espécies. Isso se aplica também a estudos de diversidade em escala global, que buscam entender como fatores ecológicos e climáticos atuam nos processos evolutiovs e biogeográficos para determinar padrões de riqueza (Wiens e Donoghue 2004).
 Assim, com o avanço das técnicas de filogenia molecular, estudos mais recentes tem incorporado informações filogenéticas a análises de diversidade (e.g. Webb, 2000). Com isso, desenvolve-se atualmente uma interface entre a sistematica filogenética, a biogeografia, a biologia evolutiva e a ecologia de comunidades (Wiens e Donoghue, 2004). Apesar de não ser possível testar os mecanismos que geram os padrões nesta escala espacial / temporal, o reconhecimento de padrões recorrentes entre espécies de diferentes linhagens que compõem as comunidades, associado a informações a respeito da história da Terra permite que sejam formuladas hipóteses bem embasadas para explicar determinados processos. Assim, com o avanço das técnicas de filogenia molecular, estudos mais recentes tem incorporado informações filogenéticas a análises de diversidade (e.g. Webb, 2000). Com isso, desenvolve-se atualmente uma interface entre a sistematica filogenética, a biogeografia, a biologia evolutiva e a ecologia de comunidades (Wiens e Donoghue, 2004). Apesar de não ser possível testar os mecanismos que geram os padrões nesta escala espacial / temporal, o reconhecimento de padrões recorrentes entre espécies de diferentes linhagens que compõem as comunidades, associado a informações a respeito da história da Terra permite que sejam formuladas hipóteses bem embasadas para explicar determinados processos.
 Estes estudos integrativos reunem três elementos importantes à compreensão da relação entre as escalas local e regional: composição de comunidades, filogenia e atributos das espécies. A base destes estudos é a idéia de que espécies interagem em comunidades, que essas interações são determinadas pelas diferenças e semelhanças fenotípicas e que a variação entre fenótipos tem base na história evolutiva (Webb et al.,2002). Deste modo, conhecer a história evolutiva das espécies e suas linhagens fornece elementos importantes para o entendimento das comunidades atuais tanto em escala local quanto regional. Estes estudos integrativos reunem três elementos importantes à compreensão da relação entre as escalas local e regional: composição de comunidades, filogenia e atributos das espécies. A base destes estudos é a idéia de que espécies interagem em comunidades, que essas interações são determinadas pelas diferenças e semelhanças fenotípicas e que a variação entre fenótipos tem base na história evolutiva (Webb et al.,2002). Deste modo, conhecer a história evolutiva das espécies e suas linhagens fornece elementos importantes para o entendimento das comunidades atuais tanto em escala local quanto regional.
  
-Wiens (2004) propõe que a tendência das espécies de reter nichos ecológicos ao longo do tempo evolutivo e sua inabilidade de adaptar-se a novas condições ambientais sejam fatores-chave para o isolamento das populações e criação de novas linhagens, o que pode explicar a presença ou a ausência de determinadas espécies tanto em escala local quanto em escala regional. Este enfoque não se restringe a estudos em escala regional, pois considerando que a conservação de atributos ecológicos é amplamente observada nos mais diferentes grupos taxonômicos (Wiens e Graham 2005), o efeito de interações locais e filtros ambientais em escala local podem ser avaliados medindo-se o quanto espécies filogeneticamente relacionadas e ecologicamente similares co-ocorrem. Espera-se que se houver competição entre espécies com atributos similares, as comunidades tenderão a apresentar um padrão de dispersão filogenética ("overdispersion"; Webb et al., 2002).+Wiens (2004) propõe que a tendência das espécies de reter nichos ecológicos ao longo do tempo evolutivo e sua inabilidade de adaptar-se a novas condições ambientais sejam fatores-chave para o isolamento das populações e criação de novas linhagens, o que pode explicar a presença ou a ausência de determinadas espécies tanto em escala local quanto em escala regional((o argumento aqui não ficou claro: o que é causa e o que é efeito, e quais os processos envolvidos?)). Este enfoque não se restringe a estudos em escala regional, pois considerando que a conservação de atributos ecológicos é amplamente observada nos mais diferentes grupos taxonômicos (Wiens e Graham 2005), o efeito de interações locais e filtros ambientais em escala local podem ser avaliados medindo-se o quanto espécies filogeneticamente relacionadas e ecologicamente similares co-ocorrem. Espera-se que se houver competição entre espécies com atributos similares, as comunidades tenderão a apresentar um padrão de dispersão filogenética ("overdispersion"; Webb et al., 2002).
  
 Assim, a adição e interação entre processos em diferentes escalas espaciais, temporais e taxonômicas na estruturação de comunidades e na diversidade local, regional ou continental favorecem estudos que integrem teorias da ecologia de comunidades à biogeografia e macroecologia para que sejam formuladas e testadas hipóteses a respeito de padrões que não podem ser explicados por estudos que se concentram em uma escala apenas. Assim, a adição e interação entre processos em diferentes escalas espaciais, temporais e taxonômicas na estruturação de comunidades e na diversidade local, regional ou continental favorecem estudos que integrem teorias da ecologia de comunidades à biogeografia e macroecologia para que sejam formuladas e testadas hipóteses a respeito de padrões que não podem ser explicados por estudos que se concentram em uma escala apenas.
ensaios/paula_hanna_valdujo.1254534001.txt.gz · Última modificação: 2011/07/20 14:39 (edição externa)
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