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resenhas [2010/09/16 00:21] alunoresenhas [2010/09/25 00:19] aluno
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-=======Disciplina Ecologia de Comunidades – BIE 5778-3========+=======Disciplina Ecologia de Comunidades – BIE 5778-3================================================================= 
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 +=====================================Processos locais e regionais====================================================== 
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 +Cornell (1985). Local and Regional richness of Cynipine Gall wasps on California Oaks. Ecology. 66 (4): 1247-1260. 
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 +Fernanda D. Abra, Herbert Serafim de Freitas e Vinicius S.  Antunes 
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 +O presente artigo teve como foco investigar os principais processos que operam sobre a riqueza de espécies de herbívoros em diferentes escalas espaciais.  Até então, diversos outros estudos haviam focado sobre o número e tipos de herbívoros que ocorriam em uma espécie de planta hospedeira, ou seja tratam-se de estudos comparativos, que não buscam a compreensão de mecanismos que estejam envolvidos nos padrões encontrados. O autor se propõe a investigar qual a relação entre a riqueza local e regional de espécies de vespas Cinipine, que são galhadoras de espécies de carvalho (gênero Quercus). Parte da premissa de que se as espécies de hospedeiros (carvalhos) com maior riqueza regional tem maiores médias de riqueza local, então pode-se concluir que a riqueza local e regional sobre um hospedeiro estão ligadas. O estudo fora realizado na vertente do pacífico na Califórnia (EUA), onde existe uma flora de carvalhos endêmica, associada a uma diversa fauna Cinipine (vespas). A flora consiste de 15 espécies de carvalho de três subgêneros (tratados popularmente como: brancos, pretos e primitivos), e a fauna de vespas compreende mais de 150 espécies. Duas questões centrais são colocadas: (1) A extensão geográfica e o isolamento taxonômico dos carvalhos influenciam a riqueza regional de Cinipines nesta flora? (2) As riquezas local e regional dos Cinipines estão fortemente correlacionadas?  Para a seleção dos locais de estudo foram utilizados mapas com a distribuição geográfica das espécies de carvalhos, afim de melhor amostrar a extensão geográfica de ocorrência das espécies. Também existem extensos estudos sobre a fauna de vespas Cinipine que foram determinantes para a correta determinação das espécies em campo. Para a amostragem foram feitas buscas das espécies de galhas Cinipine que ocorriam nas diferentes espécies de carvalhos em diferentes escalas (um indivíduo de carvalho, população local do carvalho, ao longo da extensão geográfica do carvalho hospedeiro). Para garantir a adequada amostragem de vespas Cinipine nas diferentes escalas foram feitas observações até que o numero de novas espécies de Cinipine descobertas por unidade de esforço amostral fosse quase zero. Devido as dificuldades observacionais e fenológicas foram incluídas apenas as galhas “foliares” (ou seja, as observadas nos ramos, superfície das folhas e gemas).  
 +A análise de regressão revelou que a extensão geográfica de ocorrência da espécie de carvalho influencia na riqueza regional de Cinipine, tanto para galhas foliares, quanto não foliares, e também considerando a somatória dos dados. Dentre os subgêneros, os carvalhos brancos apresentaram maior riqueza de Cinipine, o que pode ser reflexo de ter havido maior tendência para radiação adaptativa neste grupo. Buscando compreender a relação entre riqueza local e regional, foram obtidos três padrões gerais a partir de modelos gráficos. Estes modelos foram testados por meio de uma ANOVA (análise de variância para testar a relação entre a riqueza local e regional). A partir desta análise verificou-se que o modelo I (enriquecimento do pool), que corresponde a uma clara influencia da riqueza regional sobre a riqueza local, foi o que melhor descreveu as relações entre riqueza local e regional da fauna Cinipine. Para confirmar esta conclusão foi estabelecida uma nova análise considerando as espécies raras e comuns de Cinipine por meio de uma ANOVA. Esta analise também corroborou o modelo I, que enfatiza o papel dominante do tamanho do pool regional de espécies em determinar os níveis de riqueza de espécies Cinipine nas populações de carvalhos. Por fim o autor conclui que há nichos disponíveis para Cinipines nos carvalhos, e que o limite para similaridade entre a fauna Cinipine que coexiste ainda não foi alcançado. Isto sugere que não é possível obter informações suficientes sobre as causas responsáveis pela riqueza local de Cinipine a partir do estudo de populações de carvalhos em isolado. O autor destaca ainda que a especialização de habitat em Cinipine e as interações locais não são preditas a partir da riqueza regional, mas que podem influenciar a riqueza local independentemente da riqueza regional.
  
 ===Resenha crítica: On the relationship betwen regional and local species richness: a test of saturation theory. Starzomsky et al,. 2008=== ===Resenha crítica: On the relationship betwen regional and local species richness: a test of saturation theory. Starzomsky et al,. 2008===
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 O conjunto de evidências apresentados neste trabalho é uma demonstração inequívoca da existência de estados alternativos de equilíbrio em um sistema natural. O estudo difere de esforços anteriores, nos quais a existência de estados alternativos foi observada apenas em escalas espaciais restritas e sob condições controladas de laboratório. Ambos os mecanismos considerados no modelo são padrões recorrentes em diversos grupos o que sugere que estados alternativos de equilíbrio poderiam ocorrer em diversos sistemas. Por fim, o uso de um experimento natural para testar as predições do modelo permitiu identificar os mecanismos responsáveis por mudanças na dinâmica do sistema e reitera a importância da compreensão dos mecanismos e da dinâmica do sistema para o estabelecimento de planos de manejo. O conjunto de evidências apresentados neste trabalho é uma demonstração inequívoca da existência de estados alternativos de equilíbrio em um sistema natural. O estudo difere de esforços anteriores, nos quais a existência de estados alternativos foi observada apenas em escalas espaciais restritas e sob condições controladas de laboratório. Ambos os mecanismos considerados no modelo são padrões recorrentes em diversos grupos o que sugere que estados alternativos de equilíbrio poderiam ocorrer em diversos sistemas. Por fim, o uso de um experimento natural para testar as predições do modelo permitiu identificar os mecanismos responsáveis por mudanças na dinâmica do sistema e reitera a importância da compreensão dos mecanismos e da dinâmica do sistema para o estabelecimento de planos de manejo.
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 +=================================================Predação==============================================================
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 +=Paine (1966). Food Web Complexity and Species Diversity. The American Naturalist. 100 (910): 65-75====================
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 +Alunos: Herbert Serafim de Freitas e Vinicius Soares Antunes
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 +O autor (Paine) chama a atenção para o fato de que há uma boa descrição zoogeográfica da diversidade de espécies, porém ressalta que os processos biológicos são pouco compreendidos e podem ser fundamentalmente diferentes na região tropical. Entre os entraves destaca-se a ausência de dados sinecológicos para situações particulares (escala local), e a dificuldade de inferir mecanismos a partir de dados de descrição e comparação de faunas sob uma escala zoogeográfica. Tendo isto em vista, Paine busca compreender quais os mecanismos que determinam os padrões de diversidade em uma escala local, e procura ainda investigar se há variação entre os mecanismos nos gradientes latitudinal e longitudinal. Para tal, foram realizadas observações no Costão Rochoso, na zona entre marés, de três comunidades distintas (Sub-teias) situadas em diferentes latitudes. Foram quantificados o número de predações e a quantidade de calorias obtida por cada espécie/grupo taxonômico e registrados regularmente o número e a densidade de macroinvertebrados e algas bentônicas em duas situações, sem manipulação da sub-teia (controle), e, após a remoção experimental do predador de topo (estrela-do-mar). 
 +O autor verificou que há um mecanismo de coexistência mediada por predação, no qual a diversidade de espécies está relacionada ao número de predadores no sistema e a eficiência destes em evitar que espécies monopolizem um recurso limitante. Após a remoção do predador de topo (ou na ausência de um) há uma diminuição na riqueza de espécies da sub-teia e um domínio do espaço por uma ou poucas espécies, além de uma mudança sucessional na comunidade. Além disso, há um aumento na produção primária. Estas mudanças devem-se ao fato de os predadores removidos serem os principais responsáveis por controlarem as espécies competitivamente superiores. Na ausência dos predadores estas espécies proliferam e monopolizam o espaço (recurso limitante neste ambiente), deslocando outras espécies competitivamente inferiores. Diante das observações o autor conclui que a predação interrompe o processo sucessional, e em uma escala local tende a aumentar a diversidade. 
 +O presente estudo apresentou alguns pontos falhos ou que podem ter reduzido o poder das suas predições, são eles: imprecisões taxonômicas ou falta de conhecimento de auto-ecologia (e.g. não delimitação de spp.), problemas de amostragem (diferentes nos tratamentos, quantitativas e qualitativas), tratamento simples dos dados (ausência de variância), análise de parte da teia (sub-teia), etc. De fato a predação parece ter um papel importante na manutenção da diversidade de espécies nestas comunidades, porém há um limite, a partir do qual outros fatores, como a temperatura, heterogeneidade ambiental, produção e entrada de nutrientes nos sistemas (correntes), etc., passam a preponderar. Dentre estes fatores o autor destaca a importância da estabilidade e da taxa da produção primária, a qual irá influenciar o número e variedade de consumidores não-primários nas sub-teias. Estas observações encontram respaldo no fato de as comunidades tropicais serem as mais diversas, apresentarem mais carnívoros de níveis superiores em suas teias, e possuírem muitas espécies com reduzida abundância individual. Para melhor compreender a importância da predação torna-se importante verificar quão freqüentes os monopólios de recursos se apresentam e investigar os fluxos de energia em diversos sistemas.
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 +===Schmitz et al., (2010). Predator control of ecosystem nutrients dynamics. Ecology Letters========================= 
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 +Alunos: Herbert Serafim de Freitas e Vinicius Soares Antunes
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 +Animais podem diretamente ou indiretamente controlar o destino de nutrientes nos ecossistemas. Pesquisas revelam que predadores de topo podem ter efeito cascata que se estendem para além de sua base de presas no impacto da dinâmica de nutrientes. Sendo assim, o presente artigo propõe uma revisão científica do papel funcional dos predadores na dinâmica e ciclagem de nutrientes em ecossistemas, principalmente de água doce.
 +Primeiramente foram identificadas algumas literaturas no site Web of Science, usando as seguintes palavras chaves: predador, ecossistema e nutrientes. Adicionalmente foram identificadas outras literaturas nas seções de referência desta busca. Foram apenas incluídos estudos que não foram incluídos na síntese de Vanni (2002) e nem estudos de efeito modelo, mas ao invés disso apresentaram-se somente estudos que demonstraram empiricamente a relação entre predador e o destino dos nutrientes.
 +A pesquisa revelou que predadores podem controlar os nutrientes via ciclagem rápida (forma orgânica) e lenta (forma inorgânica) nos ecossistemas através de mecanismos clássicos, bem como outros que agora estão se tornando evidentes após esforços deliberados de estudos de interações tróficas e função do ecossistema, embora a cobertura destes estudos, dos diferentes mecanismos identificados, tenha sido desigual. Esta desigualdade necessita de mais pesquisa que explora se certos mecanismos são realmente idiossincrático à tipos específicos de ecossistemas ou à espécies de predadores mais representativas. Além do mais, a concepção dessa hipótese pode refletir o fato de que estudos empíricos sobre a relação entre predadores e a dinâmica de nutrientes são predominantemente de sistemas aquáticos.
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 ====Diversidade e redundância funcional==== ====Diversidade e redundância funcional====
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 As espécies diferem em seus atributos e funções ecológicas, portanto a perda de biodiversidade em algumas comunidades locais podem ser prejudiciais para os seres humanos quando ocorrem mudanças como perda de alguns serviços ambientais e artigos de consumo. Para simular a perda de diversidade em algumas comunidades, os autores simularam pela primeira vez uma manipulação experimental em oito diferentes lugares da Europa utilizando protocolos padronizados a fim de estabelecer conjuntos de espécies “savânicas” que variassem em riqueza de espécies. Os lugares escolhidos para experimentação variaram muito em fatores ambientais e isso influenciou os padrões de riqueza e medidas de biomassas locais. O experimento consistiu na retirada de todas as plantas e bancos de sementes dos locais escolhidos (no total 480 plots e 200 diferentes conjuntos de plantas) e então foram estabelecidas comunidades de plantas a partir de sementes selecionadas para simular diferentes gradientes de riqueza. Os níveis de riqueza de espécies variaram de 1 a 5. A hipótese de trabalho apresentada era que diminuindo o número de espécies seria reduzida a produtividade, dado que isso gerasse uma diminuição na diversidade funcional, portanto, o esperado era que para um certo número de espécies a produtividade seria baixa em comunidades com poucos grupos funcionais. Para testar essa hipótese as espécies de plantas foram divididas em três grupos funcionais: graminóides, herbáceas e fixadoras de nitrogênio. As espécies diferem em seus atributos e funções ecológicas, portanto a perda de biodiversidade em algumas comunidades locais podem ser prejudiciais para os seres humanos quando ocorrem mudanças como perda de alguns serviços ambientais e artigos de consumo. Para simular a perda de diversidade em algumas comunidades, os autores simularam pela primeira vez uma manipulação experimental em oito diferentes lugares da Europa utilizando protocolos padronizados a fim de estabelecer conjuntos de espécies “savânicas” que variassem em riqueza de espécies. Os lugares escolhidos para experimentação variaram muito em fatores ambientais e isso influenciou os padrões de riqueza e medidas de biomassas locais. O experimento consistiu na retirada de todas as plantas e bancos de sementes dos locais escolhidos (no total 480 plots e 200 diferentes conjuntos de plantas) e então foram estabelecidas comunidades de plantas a partir de sementes selecionadas para simular diferentes gradientes de riqueza. Os níveis de riqueza de espécies variaram de 1 a 5. A hipótese de trabalho apresentada era que diminuindo o número de espécies seria reduzida a produtividade, dado que isso gerasse uma diminuição na diversidade funcional, portanto, o esperado era que para um certo número de espécies a produtividade seria baixa em comunidades com poucos grupos funcionais. Para testar essa hipótese as espécies de plantas foram divididas em três grupos funcionais: graminóides, herbáceas e fixadoras de nitrogênio.
- Os efeitos gerais para a diminuição da riqueza de espécies foi melhor descrito por numa relação linear entre produtividade e o logaritmo natural do número de espécies de plantas, resultado o qual foi muito semelhante a outros padrões reportados em estudos prévios em outras localidades. O autor também enfocou a importância da escala em seu trabalho evidenciando que, quando todos os locais foram analisados juntos isso gerava somente um modelo de produtividade e quando os locais eram analisados separadamente foi produzido uma variedade de diferentes modelos. Houve duas explicações para essas diferenças: (i) tamanho amostral baixo entre alguns locais e (ii) locais diferiram em suas respostas e as análises não eram poderosas o suficiente para revelar uma significativa interação de riqueza na localização por espécie quando os locais eram analisados juntos. Por essas razões o autor foi favorável a fazer análises mais generalistas as quais mostram que as diferenças entre locais não são significativas e sugeriu que pode haver uma única relação geral entre riqueza de espécies e diversidade entre todos os locais.  +Os efeitos gerais para a diminuição da riqueza de espécies foi melhor descrito por numa relação linear entre produtividade e o logaritmo natural do número de espécies de plantas, resultado o qual foi muito semelhante a outros padrões reportados em estudos prévios em outras localidades. O autor também enfocou a importância da escala em seu trabalho evidenciando que, quando todos os locais foram analisados juntos isso gerava somente um modelo de produtividade e quando os locais eram analisados separadamente foi produzido uma variedade de diferentes modelos. Houve duas explicações para essas diferenças: (i) tamanho amostral baixo entre alguns locais e (ii) locais diferiram em suas respostas e as análises não eram poderosas o suficiente para revelar uma significativa interação de riqueza na localização por espécie quando os locais eram analisados juntos. Por essas razões o autor foi favorável a fazer análises mais generalistas as quais mostram que as diferenças entre locais não são significativas e sugeriu que pode haver uma única relação geral entre riqueza de espécies e diversidade entre todos os locais.  
- O experimento ainda revelou que a função relativa de riqueza, localização e composição de espécies são determinantes na produtividade, essas variáveis chaves explicaram 18, 28 e 39% da soma total dos quadrados, no entanto a composição de espécies não foi estatisticamente significante na produtividade. Na média, a omissão de apenas uma única espécie pode reduzir a produtividade em aproximadamente 360 gramas m -2, como foi o caso da espécie Trifolium pratense, que apresentou um efeito marcante na análise. O autor por fim cita 3 processos dos quais a perda de riqueza de espécies poderia diminuir a produtividade: (i) efeito da amostra), (ii) efeito de seleção e (iii) redução das interações mutualísticas. Os padrões de biomassa predizem um declínio log-linear da produtividade com a perda de riqueza de espécies, nas quais a redução da complementaridade de nicho, interações positivas ou ambas podem desempenhar uma função.+O experimento ainda revelou que a função relativa de riqueza, localização e composição de espécies são determinantes na produtividade, essas variáveis chaves explicaram 18, 28 e 39% da soma total dos quadrados, no entanto a composição de espécies não foi estatisticamente significante na produtividade. Na média, a omissão de apenas uma única espécie pode reduzir a produtividade em aproximadamente 360 gramas m -2, como foi o caso da espécie Trifolium pratense, que apresentou um efeito marcante na análise. O autor por fim cita 3 processos dos quais a perda de riqueza de espécies poderia diminuir a produtividade: (i) efeito da amostra), (ii) efeito de seleção e (iii) redução das interações mutualísticas. Os padrões de biomassa predizem um declínio log-linear da produtividade com a perda de riqueza de espécies, nas quais a redução da complementaridade de nicho, interações positivas ou ambas podem desempenhar uma função.
  
 ===Díaz, S. et al. The plant traits that drive ecosystems: Evidences from three continents. Journal of Vegetation Science 15: 295-304, 2004.=== ===Díaz, S. et al. The plant traits that drive ecosystems: Evidences from three continents. Journal of Vegetation Science 15: 295-304, 2004.===
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