O conceito de savana varia um pouco entre os autores. Para muitos autores da África, principalmente da África do Sul, o termo savana inclui um número bastante grande de tipos de vegetação, como florestas tropicais dos mais diversos tipos, savanas úmidas, savanas secas etc.
Para a maior parte dos autores, no entanto o termo savana é um tipo fisionômico de vegetação, que se caracteriza por apresentar um estrato herbáceo contínuo e um estrato arbustivo-arbóreo descontínuo, ao contrário das florestas, onde o estrato contínuo é o arbóreo e o herbáceo é que é descontínuo.
No conceito dos autores africanos, savana seria praticamente todo o Zonobioma II de Walter, que é de clima tropical estacional, ficando entre as florestas tropicais úmidas (equatoriais) e os desertos quentes subtropicais, isto é, entre o Zonobioma I e o Zonobioma III. É um conceito muito amplo. No presente trabalho o autor adota o conceito fisionômico.

Não. O cerradão tem fisionomia de floresta. Os tipos intermediários: cerrado "sensu stricto", campo cerrado, campo sujo, têm fisionomia de savana; os campos limpos têm fisionomia de campo.

Não. Cerrado é um termo regional brasileiro, para um complexo fisionômico de vegetação que ocorre principalmente no Brasil Central e que tem uma flora própria. Não há cerrado na África, Austrália ou qualquer outra parte do mundo. Savanas, sim, ocorrem no Brasil, na Venezuela, na África, na Índia, na Austrália.

Não. No nordeste vamos encontrar certos tipos de caatinga com essa fisionomia.

No conceito de muitos climatologistas, como Gaussen por exemplo, considera-se mês seco todo aquele que apresentar uma precipitação em mm de chuva menor que duas vezes o valor da temperatura média em ºC (P < 2T ºC). Mês úmido será aquele em que a precipitação em mm for maior do que duas vezes o valor da temperatura média em ºC (P> 2TºC). Este é o conceito usado por Walter e Lieth em seus diagramas climáticos, como o que apresentamos no texto. Em vermelho, período seco; em achureado e azul, período úmido.

Flora é algo abstrato. É uma relação de nomes científicos com os quais o homem batiza as diferentes espécies de planta.
Vegetação é algo concreto, real, que se localiza em um determinado local, que tem porte, biomassa, estrutura, que é composta por um certo número de espécies, a sua flora.

Não. Solos da Amazônia, por exemplo, também são ácidos e pobres. Todavia, a grande quantidade de serapilheira produzida e decomposta libera grande quantidade de nutrientes que alimenta a floresta. Nos cerrados essa produção é bem menor e a decomposição é lenta, em virtude do período de seca. Desta forma, solos de cerrado apresentam menor disponibilidade de nutrientes para as plantas.

Grande parte das queimadas no cerrado é provocada pelo homem, seja por balões, seja por descuido, seja para renovar os pastos etc. Todavia, existem queimadas que se originam por raios. Enquanto as queimadas antropogênicas predominam na estação seca, as naturais ocorrem predominantemente na estação das chuvas, quando há ocorrência de raios.

Nem sempre. Às vezes onde o raio cai não chove. Vai chover mais adiante.

Depende da forma como manejamos as queimadas. Se elas forem feitas em intervalos de 3 ou 4 anos, ou mais, o retorno de nutrientes via atmosfera, compensará a perda havida com a queimada.

Alguns experimentos feitos têm demonstrado que essa lixiviação não é tão grande quanto se pensava. Ao que parece, os nutrientes provenientes da cinza são logo reaproveitados pelas raízes superficiais das plantas do cerrado. O grande veículo de perda de nutrientes em uma queimada está na fumaça que se desprende e vai para a atmosfera, sendo levada pelo vento para outros locais. A fumaça é constituída por gases, como vapor de água, nitrogênio molecular, SO2, CO, CO2, CH4 etc. Assim são perdidas grandes quantidades de nitrogênio e enxofre. Além disto a fumaça é constituída por micropartículas de cinzas, que nada mais são que óxidos e carbonatos de Ca, K, Mg, fosfatos etc.
Toneladas destes nutrientes são assim perdidos para a atmosfera.

Sim, estima-se que o que é perdido para a atmosfera durante uma queimada, demora cerca de 3 a 4 anos para retornar ao solo. Por isto se diz ser adequado manejar o fogo no cerrado, não queimando a mesma área anualmente.

Sim. Todavia apenas superficial e temporariamente (alguns poucos meses).

Não. Como em épocas distintas as plantas estão em diferentes estágios fenológicos, a queimada pode provocar efeitos diversos destruindo partes vegetativas, ou flores, ou frutos e sementes o que provocará efeitos diversos no crescimento e reprodução dessas plantas.

Isto pode ser aconselhado ou permitido, desde que o fogo seja adequadamente manejado, isto é, que as queimadas não sejam feitas todo ano no mesmo local, que se mantenha um intervalo entre elas de 3 a 4 anos, que sejam feitas em dias e horários tais que não sejam queimadas muito intensas.

Sim. Desde que o fogo seja adequadamente manejado. Não queimar resulta em um grande aumento de palha seca, ano após ano, o que cria um enorme perigo para a ocorrência de incêndios incontroláveis e desastrosos. O aconselhável é queimar a cada ano pequenas parcelas aceiradas, em forma de rodízio, como se faz nos grandes parques de savana de outros países como Austrália, África do sul etc.

Sem dúvida, em um incêndio incontrolável muitos animais morrem carbonizados, seja porque são lentos (tamanduá, por exemplo), seja porque estão presos por uma cerca, dentro do parque, não podendo fugir para outras regiões. O manejo adequado do fogo evitaria estas grandes mortandades. As áreas queimadas seriam pequenas (alguns hectares por vez), os animais maiores seriam espantados da área, antes de se por o fogo. Sendo um dia não muito quente e sem vento, o fogo avançaria lentamente, dando tempo aos animais para fugirem para áreas vizinhas, do outro lado do aceiro, esconderem-se em buracos de tatú, procurarem áreas alagadas, rios etc, onde o fogo não se propaga.

Como as plantas não podem fugir do fogo, claro, elas são queimadas.
Todavia, a flora do cerrado evoluiu junto com as queimadas naturais provocadas pelos raios e assim, ao longo dos milênios, adaptou-se a este fator ambiental natural. Uma semana depois de uma queimada muitas plantas já estão rebrotando com grande vigor.
É claro que algumas não suportam as altas temperaturas e morrem.
O estrato arbóreo-arbustivo é mais sensível ao fogo que o estrato herbáceo-subarbustivo. Após uma queimada ou queimadas repetidas, algumas árvores e arbustos morrem, abrindo assim a vegetação. Desta forma um cerradão pode paulatinamente transformar-se, com as queimadas sucessivas, em um cerrado "sensu-stricto", um campo cerrado, um campo sujo ou um campo limpo.
O inverso também é verdadeiro. Se protegermos uma área de campo sujo, por exemplo, contra o fogo, lentamente ele irá se adensando, aumentando o número de arbustos e árvores, transformando-se gradativamente em um cerrado ou cerradão.

Isto vai depender dos objetivos com que se usa o fogo e do tipo de cerrado que vai ser queimado. Se for para obter forragem em plena estação seca, não seria aconselhável queimá-la em intervalos menores do que 3-4 anos. Em se tratando de um Parque Nacional, o ideal seria praticar diferentes formas de manejo em áreas distintas, a fim de se conseguir manter a maior biodiversidade, seja em formas fisionômicas, seja em espécies da flora e fauna.