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ensaios:vania_luisa_spressola_prado [2009/11/18 22:06] – paulo | ensaios:vania_luisa_spressola_prado [2011/07/20 14:40] (atual) – edição externa 127.0.0.1 | ||
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===== 1 história : 2 paradigmas ===== | ===== 1 história : 2 paradigmas ===== | ||
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Para abrir, uma demonstração empírica de que história importa. Estudando a organização de comunidades, | Para abrir, uma demonstração empírica de que história importa. Estudando a organização de comunidades, | ||
- | O segundo passo é responder o que define, então, história. Para Prigogine (1977 apud Prado, 2009), além de irreversibilidade, | + | O segundo passo é responder o que define, então, história. Para Prigogine (1977 apud Prado, 2009((como são notas de aula, vale uma observação, |
Acontece que a noção de sistemas ecológicos (ecossistemas, | Acontece que a noção de sistemas ecológicos (ecossistemas, | ||
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Sim, diversidade local resulta deterministicamente das interações que ocorrem dentro da comunidade, especialmente competição. | Sim, diversidade local resulta deterministicamente das interações que ocorrem dentro da comunidade, especialmente competição. | ||
- | Similaridade limitante é chave de compreensão do divórcio entre processos regionais e diversidade local. Espécies competidoras coexistem se a compressão do nicho em razão de seu partilhamento estiver abaixo do limite a partir do qual ocorreria exclusão competitiva. Assim, diversidade é mais ou menos fixada no ponto de saturação, | + | Similaridade limitante é chave de compreensão do divórcio entre processos regionais e diversidade local. Espécies competidoras coexistem se a compressão do nicho em razão de seu partilhamento estiver abaixo do limite a partir do qual ocorreria exclusão competitiva. Assim, diversidade é mais ou menos fixada no ponto de saturação, |
Com tanta força explicativa dos mecanismos locais, por pouco o mundo todo não é homogêneo na diversidade de espécies. Mas pela regra geral da ecologia teórica, a diversidade da comunidade responde à variação nas condições físicas locais. Acontece que em condições físicas similares, a diversidade das comunidades biológicas nem sempre é a mesma em termos de riqueza de espécies (Orion e Pane, 1983; Lawton, 1984 apud Rickelfs, 1987). A diversidade local apresenta uma demonstrável dependência da diversidade regional (Cornell, 1985). Tais observações sugerem que processos regionais e históricos, | Com tanta força explicativa dos mecanismos locais, por pouco o mundo todo não é homogêneo na diversidade de espécies. Mas pela regra geral da ecologia teórica, a diversidade da comunidade responde à variação nas condições físicas locais. Acontece que em condições físicas similares, a diversidade das comunidades biológicas nem sempre é a mesma em termos de riqueza de espécies (Orion e Pane, 1983; Lawton, 1984 apud Rickelfs, 1987). A diversidade local apresenta uma demonstrável dependência da diversidade regional (Cornell, 1985). Tais observações sugerem que processos regionais e históricos, | ||
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Na verdade, a ecologia teórica se opõe à visão de mundo da história natural –origem da ecologia e biologia evolutiva (McIntosh, 1985) - que considera | Na verdade, a ecologia teórica se opõe à visão de mundo da história natural –origem da ecologia e biologia evolutiva (McIntosh, 1985) - que considera | ||
- | Reações não tardaram. Oster e Wilson (1978, apud Kingsland, 1995) defendem, a consciência histórica não implica em tudo ser aleatório e sem padrões, nem que a disciplina histórica não é cientifica. Para eles, modelos matemáticos tinham que ser usados com cautela, como guias provisionais da pesquisa. Whittaker e Levin (1977) sugeriram: o desejo dos ecologistas por uma teoria geral pode ser frustrado pela ausência de um plano mestre (o equilíbrio como teleologia? grifo meu) e pela diversidade e complexidade das relações ecológicas. | + | Reações não tardaram. Oster e Wilson (1978, apud Kingsland, 1995) defendem, a consciência histórica não implica em tudo ser aleatório e sem padrões, nem que a disciplina histórica não é cientifica. Para eles, modelos matemáticos tinham que ser usados com cautela, como guias provisionais da pesquisa. Whittaker e Levin (1977) sugeriram: o desejo dos ecologistas((para evitar confusão com o grupo mais amplo que inclui amadores e ativistas, prefiro " |
Apesar das evidencias da atuação dos fatores de maior escala sobre a diversidade local, Ricklefs (1987) se pergunta por que é que os ecólogos tem sido tão tardios em adotar uma perspectiva regional? Para ele, a resposta está no conceito de comunidade, infrutífero nesse sentido. Por isso é que em 2008, propõe a desintegração desse conceito, propõe fragmentá-lo, | Apesar das evidencias da atuação dos fatores de maior escala sobre a diversidade local, Ricklefs (1987) se pergunta por que é que os ecólogos tem sido tão tardios em adotar uma perspectiva regional? Para ele, a resposta está no conceito de comunidade, infrutífero nesse sentido. Por isso é que em 2008, propõe a desintegração desse conceito, propõe fragmentá-lo, | ||
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Um conceito individualistico já havia sido proposto originalmente por Gleason em 1917 apud McIntosh, (1985): as espécies têm características ecológicas individualistas e se reúnem em comunidades locais de acordo com a estocástica da dispersão e de ambientes disponíveis. Peter Taylor, em seu livro Complexidade sem Regras (2005 apud Prado, 2009) define comunidades como situações. Estão embebidas num contexto onde tudo se define. Os limites entre escalas local e regional são tênues. A regional é ao mesmo tempo contexto e produto da local. Entre elas, não há limites claros, nem dinâmica interna coerente e nem relações simples com o contexto. | Um conceito individualistico já havia sido proposto originalmente por Gleason em 1917 apud McIntosh, (1985): as espécies têm características ecológicas individualistas e se reúnem em comunidades locais de acordo com a estocástica da dispersão e de ambientes disponíveis. Peter Taylor, em seu livro Complexidade sem Regras (2005 apud Prado, 2009) define comunidades como situações. Estão embebidas num contexto onde tudo se define. Os limites entre escalas local e regional são tênues. A regional é ao mesmo tempo contexto e produto da local. Entre elas, não há limites claros, nem dinâmica interna coerente e nem relações simples com o contexto. | ||
- | E assim, chegamos às bases do mais novo paradigma, o do não-equilibrio, | + | E assim, chegamos às bases do mais novo paradigma, o do não-equilibrio, |
===== O mau selvagem ===== | ===== O mau selvagem ===== | ||
- | Narrativas românticas de pessoas bem adaptadas e vivendo em balanço com seus ambientes são cada vez mais vistas com ceticismo. Do mesmo modo, narrativas pessimistas de pessoas destruindo seus ambientes (Vayda, 1998). , há crescente consideração de que influências locais e não-locais podem afetar a maneira das pessoas usarem seus recursos ambientais num dado momento, o que pode mudar quando as circunstancias mudam (Walters, 2004). | + | Narrativas românticas de pessoas bem adaptadas e vivendo em balanço com seus ambientes são cada vez mais vistas com ceticismo. Do mesmo modo, narrativas pessimistas de pessoas destruindo seus ambientes (Vayda, 1998).((faltou algo aqui? |
- | A revisão de Cristina Adams (2000) sobre caiçaras é bom exemplo. Ela constatou que na literatura de 1970 pra cá, é regularidade a caracterização das populações caiçaras como isoladas, pescadoras tradicionais, | + | A revisão de Cristina Adams (2000) sobre caiçaras é bom exemplo. Ela constatou que na literatura de 1970 pra cá, é regularidade((regular)) |
- | Em poucas palavras, a pesca artesanal é antes momento econômico último na vida dos caiçaras do que atividade tradicional em que se esmeraram ao longo de gerações. Originalmente eram populações de lavradores-pescadores, | + | Em poucas palavras, a pesca artesanal é antes momento econômico último na vida dos caiçaras do que atividade tradicional em que se esmeraram ao longo de gerações. Originalmente eram populações de lavradores-pescadores, |
No artigo de Rui Murrieta (1994) vemos que as comunidades camponesas estão integradas à economia de mercado e aos sistemas políticos nacionais e internacionais há muito tempo, negando que tenham permanecido isoladas da sociedade colonial ou nacional, com as quais estabelecem uma interação dialética, com diferentes graus de envolvimento e dependência política-economica. Tal qual Adams entre os caiçaras, o autor observa este fenômeno entre as populações caboclas da Amazonia e argumenta que a idealização deve ter sido inspirada por um dos momentos históricos de menor integração com o mercado, ou pelo ponto de vista colonial e discriminatório disseminado pelas elites locais e nacionais. | No artigo de Rui Murrieta (1994) vemos que as comunidades camponesas estão integradas à economia de mercado e aos sistemas políticos nacionais e internacionais há muito tempo, negando que tenham permanecido isoladas da sociedade colonial ou nacional, com as quais estabelecem uma interação dialética, com diferentes graus de envolvimento e dependência política-economica. Tal qual Adams entre os caiçaras, o autor observa este fenômeno entre as populações caboclas da Amazonia e argumenta que a idealização deve ter sido inspirada por um dos momentos históricos de menor integração com o mercado, ou pelo ponto de vista colonial e discriminatório disseminado pelas elites locais e nacionais. | ||
- | Nesse sentido, a Ecologia Histórica – área recente da Antropologia Ecológica – é ferramenta importante. O estudo dos sistemas ecológicos não é só através dos componentes humanos (economia, religião, política, etc), como também pelo aspecto diacrônico. Nessa linha, Walters e Vayda (2009) propõe a ecologia do evento, metodologia alinhada com o debate ecológico. Por meio dela, a pesquisa é guiada por questões abertas sobre porque mudanças ambientais de interesse aconteceram. Procura explicar tais mudanças por fazer conexões causais com acontecimentos anteriores e construir cadeias causais pra trás no tempo e geralmente pra frente no espaço, dos efeitos para as causas. A abordagem é congruente com a visão de não-equilibrio da natureza uma vez que não requer suposições a priori sobre limite, estabilidade ou integridade dos sistemas ecológicos (ou sócio-ecológicos). O foco está na explicação dos eventos, e não de comunidades ou sistemas. | + | Nesse sentido, a Ecologia Histórica – área recente da Antropologia Ecológica – é ferramenta importante. O estudo dos sistemas ecológicos não é só através dos componentes humanos (economia, religião, política, etc), como também pelo aspecto diacrônico. Nessa linha, Walters e Vayda (2009) propõe((propõem)) |
Contra qualquer ingenuidade russoniana, o paradigma do não-equilíbrio e seu impacto sobre a interação ambiente-humano, | Contra qualquer ingenuidade russoniana, o paradigma do não-equilíbrio e seu impacto sobre a interação ambiente-humano, | ||
+ | ((Apreciação geral: um passeio original e instigante por várias questões teóricas que tratamos na disciplina. Está claro que você abraçou a proposta de dialogar com estas questões, e colocá-las para trabalhar. Na minha opinião, é o que esperava provocar nos alunos e alunas da disciplina. Gostei muito do estilo também, embora em alguns pontos as omissões e referências, | ||
===== BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ===== | ===== BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ===== |