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ensaios:camila_barros [2009/10/02 13:31] – camiladebarros | ensaios:camila_barros [2011/07/20 14:40] (atual) – edição externa 127.0.0.1 | ||
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- | **A teoria neutra de biodiversidade e a dinâmica de populações** | + | |
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+ | ((Apreciação Geral: Uma crítica dos componentes demográficos da TNB é uma contribuição original e muito relevante. O ensaio foi bem sucedido em demonstrar como um tema da disciplina pode contribuir para a sua pesquisa. A parte de revisão teórica da TNB está bem articulada, mas tem várias afirmações sem a devida fundamentação. Quero dizer com isto que muitas afirmativas não estão acompanhadas de um suporte empírico ou lógico. A parte de aplicação à sua pesquisa é um bom começo, e espero que você prossiga e amadureça estas idéias. Isto passa por reconhecer que qualquer diferença em parâmetros demográficos das espécies já viola a premissa de neutralidade, | ||
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+ | **Camila dos Santos de Barros** | ||
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+ | Os processos que governam a geração e manutenção da diversidade biológica são complexos e variados. A enorme quantidade de detalhes que seriam necessários para descrever a complexidade real pode ser imensurável e de difícil análise. Como conseqüência é necessário encontrar alguma maneira de sumarizar essa complexidade para facilitar nosso entendimento da diversidade global (Maurer & McGill 2004). Vários trabalhos têm tentado desenvolver um modelo simples que descreva os padrões de biodiversidade encontrados. Até o começo 2001, a idéia mais influente era a da teoria dos nichos, onde((use " | ||
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+ | A grande inovação desta teoria se deve ao fato dela diretamente contestar o paradigma do nicho ao propor que similaridades entre as espécies, e não diferenças, | ||
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+ | Em resumo, a teoria diz que após a morte de um indivíduo, o “lugar vago” deixado por ele poderia ser substituído tanto por outros indivíduos da mesma espécie, quanto por indivíduos de outra espécie, oriunda((oriundos)) da mesma comunidade ou imigrante da metacomunidade((metacomunidade não foi definida)). A probabilidade de uma dada espécie i da comunidade local ser substituída após sua morte pela espécie j é proporcional à abundância da espécie j dentro da comunidade local ou, em caso de imigração, | ||
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+ | Contudo, essa teoria teve uma enorme repercussão na comunidade científica (Alonso et al. 2006). | ||
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+ | No entanto, a simplificação tem um custo relacionado. Embora a simplificação seja um procedimento de modelagem que reduz a complexidade do modelo e o torna mais fácil de lidar, alguns trabalhos têm mostrado, por exemplo, que a falta de uma base demográfica explícita na TNB pode esconder importantes mecanismos e pode levar a conclusões incompletas (Maurer & McGill 2004, Allouche e Kadmon 2009). A teoria ignora os princípios básicos da dinâmica de populações (e.g.: nascimento, mortalidade e imigração((estes 3 elementos estão presentes na TNB: indivíduos nascem, morrem e há migrantes da metacomunidade. A questão é se sua definição na Teoria é adequada)) ), estando todos os parâmetros demográficos resumidos em um único parâmetro m. Como resultado, alguns trabalhos questionam se as predições da teoria estão explicitamente conectadas aos processos reais que determinam o número de espécies em uma comunidade (Allouche e Kadmon 2009). Uma limitação também relacionada é o tamanho da comunidade J, que é dado como um parâmetro livre ao invés de ser derivado dos processos demográficos que determinam a abundância das espécies na comunidade (Allouche e Kadmon 2009). Mudanças no número de espécies nas comunidades podem resultar apenas de mudanças nas populações através de alterações na quantidade de indivíduos devido a nascimentos, | ||
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+ | Um exemplo((de que?)) é o recente modelo desenvolvido por Allouche e Kadmon (2009). O modelo considera parâmetros demográficos e, segundo os autores, pode ser considerado uma extensão do modelo de Hubbel. Nesse modelo os autores relaxam os pressupostos de tamanho constante da comunidade e “somatório-zero”((não seria a mesma coisa? Qual a diferença entre tamanho constante da comunidade e somatória zero?)), enquanto mantêm os conceitos de neutralidade, | ||
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+ | Ainda assim, dos trabalhos publicados que visam testar a validade da TNB, 18 refutaram e 35 corroboraram a TNB (Casemiro e Pardial 2008). No entanto, apesar da maior quantidade de trabalhos corroborando o modelo, a quantidade total de trabalhos que objetivaram testá-lo ainda é pequena (Cassemiro e Pardial 2008, de Marco 2006) e acredito diante da abrangência do modelo mais estudos sejam necessários para determinar a validade de suas simplificações, | ||
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+ | Porém, antes das discussões sobre a importância da demografia na determinação dos padrões de diversidade, | ||
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+ | Teorias baseadas no nicho predizem que a composição das espécies reflete respostas adaptativas destas espécies e assim depende das condições ambientais. Por outro lado, teorias neutras predizem que a similaridade na composição das espécies depende dos efeitos da dispersão limitada e assim diminui à medida que aumenta a distância entre duas comunidades (Drakou et al 2009). Meu projeto de doutorado procura investigar a dinâmica populacional de pequenos mamíferos e os efeitos da disponibilidade de recursos em uma paisagem contínua no Planalto Atlântico Paulista. Os dados são coletados em três grades ((jargão)) diferentes e uma análise prévia mostrou que as comunidades podem ser consideradas independentes((em termos de troca de indivíduos nuam escala temporal pequena, presumo)). A diferença na diversidade das três grades ((qual a magnitude desta diferença? | ||
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+ | ===== Referências ===== | ||
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+ | Allouche O & Kadmon R. 2009. Demographic analysis of Hubbell’s neutral theory of biodiversity. Journal of Theoretical Biology 258: 274–280. | ||
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+ | Alonso D, Etienne RS & McKane AJ. 2006. The merits of neutral theory. Trends in Ecology and Evolution 21: 451-457. | ||
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+ | Cassemiro FAS & Padial AA. 2008. Teoria neutra da biodiversidade e biogeografia: | ||
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+ | Chesson, P. 2000. Mechanisms of maintenance of species diversity. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics 31, 343–366. | ||
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+ | de Marco P. 2006. Um longo caminho até uma teoria unificada para a ecologia. Oecologia Brasiliense 10: 120-126 | ||
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+ | Drakou EG, Bobori DC, Kallimanis AS, Mazaris AD, Sgardelis SP & Pantis JD. 2009. Freshwater fish community structured more by dispersal limitation than by environmental heterogeneity. Ecology of Freshwater Fish 18: 369–379. | ||
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+ | Hubbell SP. 2001. The unified neutral theory of biodiversity and biogeography. Princeton University Press, New Jersey. 396p. | ||
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+ | Hubbell SP. 2005. Neutral theory in community ecology and the hypothesis of functional equivalence. Functional Ecology 19: 166–172 | ||
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+ | Hutchinson GE. 1957. Population studies – animal ecology and demography – concluding remarks. Cold Spring Harbor Symposia on Quantitative Biology 22: 415-427. | ||
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+ | Krebs CJ. 2002. Beyond population regulation and limitation. Wildlife Research 29:1-10. | ||
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+ | Macarthur RH & Wilson EO. 1967. The Theory of Island Biogeography. Princeton University Press, Princeton. | ||
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+ | Maurer BA & McGill BJ. 2004. Neutral and non-neutral macroecology. Basic and Applied Ecology 5: 413—422 | ||
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+ | Oli MK & Dobson FS. 2003 The relative importance of life-history variables to population growth rate in mammals: Cole’s prediction revisited. American Naturalist 161: | ||
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+ | Perry GLW, Enright NJ, Miller BP, Lamont BB & Etienne RS. 2009. Dispersal, edaphic fidelity and speciation in species-rich Western Australian shrublands: evaluating a neutral model of biodiversity. Oikos 118: 1349-1362. | ||
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+ | Preston FW. 1980. Noncanonical distributions of commonness and rarity. Ecology 61:88-97. | ||
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+ | Williams BK, Nichols JD, Conroy, MJ. 2002. Analysis and management of animal populations: | ||
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+ | ===== Arquivo do Ensaio ===== | ||
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