Isso
acontece porque, em muitos casos, a chegada de espécies exóticas
invasoras a um determinado habitat altera o equilíbrio ecológico
local. Muitas dessas espécies, por possuírem determinadas
características - como ciclo reprodutivo rápido, baixa
demanda nutricional, parasistismo, etc - acabam por se tornar pragas,
crescendo e multiplicando rapidamente e alocando recursos que antes
eram suficientes para o bem estar de todas as espécies naquele
habitat. Esse desequilíbrio no habitat geralmente tem graves
conseqüências, especialmente nas espécies nativas
do habitat, que podem morrer, e se forem específicas daquela
região, podem ser extintas.
Segundo o livro “Global strategy on invasive alien species”
, publicado em 2001 pela IUCN (União Internacional para a Conservação
da Natureza), a melhor maneira de se prevenir a presença de
espécies exóticas invasoras num ambiente é prevenir
diretamente, de alguma forma, a introdução dessas espécies.
Classificam-se três principais modos pelos quais espécies
exóticas invasoras se instalam:
1)
As espécies são intencionalmente introduzidas. Nesse
caso, um amplo estudo de manejo da espécie deve ser realizado
antes de sua introdução, a fim de se evitar um futuro
descontrole. Como exemplos de espécies intencionalmente introduzidas
temos plantas para agricultura e pastagem; plantas ornamentais:
introdução de organismos para controle biológico;etc.
2) As espécies são intencionalmente introduzidas apenas
no cativeiro, porém fogem para o meio ambiente: nesse caso
o manejo da espécie também é a melhor solução.
Como exemplos temos: animais que fogem de zoológicos; plantas
que se dispersam para fora de jardins botânicos; animais que
vivem em cativeiro nas fazendas; etc.
3) Introduções acidentais: nesse caso não existe
controle na introdução da espécie; a melhor
maneira de solucionar o problema é a detecção
rápida da dispersão da espécie. Como exemplos
temos as diversas formas com que as sementes de plantas de dispersam
(como exemplo, pelas fezes de pássaros); animais (especialmente
insetos) que viajam escondidos em veículos automotores, navios,
aviões; etc.
|
Capim-gordura
(Melinis minutiflora), espécie exótica
introduzida para criação de gado e que se espalhou
pelo cerrado |
Tendo
visto as formas como as espécies exóticas invasoras
se instalam num novo ambiente, é hora de pensarmos em como
prevenir esse fato. Como dito anteriormente, a melhor maneira de
se prevenir é impedir diretamente a introdução
da espécie. Como em muitos casos esse é um procedimento
impraticável, especialmente nos casos de introdução
acidental, outros modos de se controlar podem sem aplicados. Em
primeiro lugar, a detecção de espécies que
possuem grande potencial de se tornar exóticas invasoras
é fundamental. Com essa detecção, as espécies
podem ser analisadas e ter sua dispersão controlada. Alguns
fatores que ajudam nessa detecção são: quanto
maior a população inicial da espécie em questão
e quanto maior a tolerância a diferentes tipos de clima, maior
a chance de se tornar invasora. Espécies que também
já foram diagnosticadas como potenciais invasoras em outros
locais também merecem atenção.
Em segundo lugar, no caso de espécie invasora já instalada,
sua erradicação é desejável, porém,
isso nem sempre é possível. É necessário
estudar o custo-benefício de tal erradicação,
pois muitas vezes são processos caros e que precisam de muito
tempo, ou que podem causar ainda mais danos ao ambiente. No caso
de a erradicação não ser aplicável,
então o controle sobre a espécie é a única
solução a ser aplicada.
Apenas para se ter uma idéia dos prejuízos que podem
ser gerados, estudo apresentado pela organização não
governamental The Nature Conservancy (TNC) estima que mais de 1,4
trilhão de dólares, cerca de 5% da economia global,
são gastos todos os anos na luta contra o avanço de
espécies exóticas. No Brasil, esse valor chega a 50
bilhões de dólares por ano, segundo o coordenador
do Programa de Recursos Genéticos do Ministério do
Meio Ambiente, Lidio Coradin, em reportagem divulgada pelo jornal
O Estado de São Paulo.
|