Tabela de conteúdos

VI) MODELOS DE DINÂMICA POPULACIONAL COM COMPETIÇÃO INTERESPSCÍFICA

Exercício 1



Figura 1 - Crescimento e espaço de fase das duas populações ($N_1(0)=10$, $N_2(0)=10$, $r_1=0.05$, $r_2=0.03$, $k_1=80$, $k_2=50$, $\alpha =1.2$, $\beta =0.5$) para tempo de observação = 200.






Figura 2 - Crescimento e espaço de fase das duas populações (mesmos valores dos parâmetros de fig.1) para tempo de observação = 50.


Observando o gráfico do crescimento populacional das duas espécies não é possível predizer com certeza se as espécies coexistirão. Neste cenário, ainda estamos no período de transiente e nenhuma das populações se estabilizaram. Apesar de ambas estarem crescendo, não podemos dizer com clareza se com mais tempo de observação, uma das populações não inverterá seu crescimento em direção à $N_i(t) = 0$.

Contudo, observando o espaço de fase esta incerteza se desfaz. Apesar de ainda nos encontrarmos numa fase de transiente, percebemos pelo gráfico que as condições de coexistência se satisfazem. Primeiramente, as isoclinas se cruzam. Além disso, percebe-se que $K_2<\frac {K_1}{\alpha}$, o que indica que as espécies tenderão a crescer até o ponto de equilíbrio estável indicado pelo ponto de cruzamento das isoclinas. Esse ponto será um atrator do sistema, nessas condições. Com isso, constatamos que o espaço de fase é muito importante para avaliações qualitativas do sistema.






















Figura 3 - Crescimento e espaço de fase das duas populações considerando diferentes condições iniciais ($N_1(0)=$ $10, 50, 50, 80$ e $N_2(0) = 40, 10, 40, 40$, respectivamente às linhas da figura) para tempo de observação = 200.






















O uso de condições iniciais distintas não alteram os resultados previstos nas questões anteriores. Isso porque os pontos de equilíbrio permanecem os mesmos e a tendência das duas populações também. Como observado anteriormente, as condições de estabilidade do sistema dependerão de $N_1(0)$ e $N_2(0)$ somente no cenário em que que as isoclinas se cruzam, mas $K_2>\frac {K_1}{\alpha}$. Neste caso, o ponto de equilibrio dado pelo cruzamento das isoclinas será instável (seria um repulsor???) e as populações tenderão a se excluir. Qual população é excluída dependerá de uma combinação de valores de $N_1(0)$, $N_2(0)$, $r_1$ e $r_2$.
























Figura 4 - Crescimento e espaço de fase das duas populações considerando diferentes cenários que podem ser previstos para o modelo de competição interespecífica ($N_1(0)= 50$ e $N_2(0) = 20$, exceto em E, em que $N_1(0)= 10$ e $N_2(0) = 60$. $k_1=80$, $k_2=50$, $r_1=0.05$ e $r_2=0.03$. A) Espécie 1 sempre exclui espécie 2 ($\alpha = 1,2$ e $\beta = 2$), B) Espécie 2 sempre exclui espécie 1 ($\alpha = 2$ e $\beta = 0.25$), C) Coexistência, equilíbrio estável ($\alpha = 1,2$ e $\beta = 0,25$), D) e E) Equilibrio instável ($\alpha = 2$ e $\beta = 2$). A espécie 1 exclui a espécie 2 com as condições iniciais de D) e o contrário ocorre com as condições iniciais de E.






















Dado isso, a coexistência entre duas espécies ocorrerá quando a competição entre as espécies for menor que a competição intra-específica. Considerando que $\alpha$ e $\beta$ representam quantos individuos de uma espécie são perdidos pela presença de um indivíduo da outra espécie, eles nos dão uma idéia do efeito competitivo de uma espécie sobre a outra. Se esses valores forem menores que a razão entre a competição intra-específica da espécie e a competição intra-específica da outra espécie teremos coexistência das espécies. Em outras palavras, isso quer dizer que se a competição intra-específica para uma espécie 1 for maior que para um outra espécie 2, mas se o efeito de 1 sobre a espécie 2 for proporcionalmente maior do que o efeito da espécie 2 sobre a espécie 1, haverá coexistência. Então, um menor crescimento intrínseco de uma espécie será compensado por uma maior redução que ela provoca na outra espécie, mantendo os níveis da outra espécie mais baixos do que seu potencial, o que por sua vez, faz com que o efeito desta outra espécie seja pequeno na espécie de menor crescimento intrínseco, permitindo que ela continue crescendo. Ambas as populações atingirão um equilíbrio estável com menos indivíduos em relação ao que teriam na ausência da outra espécie.

Exercício 2


fig.1


$$ t = 200$$

$$ t = 5$$

Exercício 3

Se três espécies estiverem competindo entre si, poderiamos esperar também todas as possibilidades. Contudo, determinar as situações de equilibrio e de estabilidade fica bem mais difícil devido ao aumento considerável do número de parâmetros do sistema de equações. Ao incluir uma terceira espécie ao modelo tradicional de competição,estamos inserindo 6 parâmetros adicionais, referentes à competição da espécie nova adicionada com cada uma das outras duas, mais a taxa de crescimento e a capacidade de suporte da terceira espécie.


Se as três espécies afetarem fortemente uma das outras duas espécies e serem afetadas fortemente por uma outra espécie diferente daquela a qual ela afeta fortemente; e se ao dizer afetar fortemente estou dizendo que a competição interespecífica é mais forte que a competição intra específica para aquela dada relação, eu espero que nessa situação haja coexistência das espécies, pois intuitivamente penso que o efeito negativo de uma espécie sobre uma segunda espécie é balanceado pelo efeito negativo da terceira espécie sobre a primeira. No fim, nenhuma espécie consegue ter densidade suficiente para eliminar nenhuma outra do sistema.


As equações deste sistema ficam assim:

$$ \frac{d}{dt}N_1(t) = r_1N_1(t) \left(\frac{K_1-N_1-\alpha N_2 - \gamma N_3}{K_1}\right)$$ $$ \frac{d}{dt}N_2(t) = r_2N_2(t) \left(\frac{K_2-N_2-\beta N_1 - \delta N_3}{K_2}\right)$$ $$ \frac{d}{dt}N_3(t) = r_3N_3(t) \left(\frac{K_3-N_3-\theta N_1 - \lambda N_2}{K_3}\right)$$

Exercício 4


$\frac{d}{dt}N_2(t) = r_2N_2(t) \left [1-\alpha_{22}(N_2(t)+\beta N_1(t))\right]$




$\frac{d}{dt}N_2(t) = r_2N_2(t) \left [1-\alpha_{22}(N_2(t)+\alpha_{21}N_1(t))\right]$

Situação 1: Espécie 1 sempre exclui a espécie 2

$\alpha_{12} < \frac{K_1}{K_2}$ ; $\frac{1}{\alpha_{21}} < \frac{K_1}{K_2}$

$\alpha_{12} < \frac{\alpha_{22}}{\alpha_{11}}$ ; $\frac{1}{\alpha_{21}} < \frac{\alpha_{22}}{\alpha_{11}}$


Situação 2: Espécie 2 sempre exclui a espécie 1

$\alpha_{12} > \frac{K_1}{K_2}$ ; $\frac{1}{\alpha_{21}} > \frac{K_1}{K_2}$

$\alpha_{12} > \frac{\alpha_{22}}{\alpha_{11}}$ ; $\frac{1}{\alpha_{21}} > \frac{\alpha_{22}}{\alpha_{11}}$


Situação 3: Coexistência

$\alpha_{12} < \frac{K_1}{K_2}$ ; $\frac{1}{\alpha_{21}} > \frac{K_1}{K_2}$

$\alpha_{12} < \frac{\alpha_{22}}{\alpha_{11}}$ ; $\frac{1}{\alpha_{21}} > \frac{\alpha_{22}}{\alpha_{11}}$


Situação 4: Equilibrio instável (alguma das duas espécies exclui a outra)

$\alpha_{12} > \frac{K_1}{K_2}$ ; $\frac{1}{\alpha_{21}} < \frac{K_1}{K_2}$

$\alpha_{12} > \frac{\alpha_{22}}{\alpha_{11}}$ ; $\frac{1}{\alpha_{21}} < \frac{\alpha_{22}}{\alpha_{11}}$


Os gráficos para essas situações foram apresentados ao longo do exercício ( Código em R).