ECOLOGIA VEGETAL 2012
Módulo I
Tópicos
Material de Apoio
*/
Essa é uma revisão anterior do documento!
Sob quais condições as espécies podem coexistir? Há várias hipóteses, mas neste exercício vamos investigar o papel do regime de perturbação que uma área sofre, e das diferenças na capacidade de colonização das espécies. Estamos ainda enfatizando os processos de colonização e extinção, decritos pelos modelos de metapopulações.
Vamos partir do modelo metapopulações com colonização interna, que tem uma espécie cuja dinâmica da proporção de manchas já é bem conhecida de vocês1):
<m16> df_1/dt ~ = ~ i_1f_1(1-f_1)~-~p_e f_1 </m>
onde:
Agora vamos acrescentar mais uma espécie ao sistema. Esta espécie será uma competidora fraca: só permanece em manchas desocupadas. Isto significa que as manchas disponíveis para sua colonização são apenas as vazias, e que ela é excluída se uma mancha que ocupa é colonizada pela outra espécie. A variação da fração de manchas ocupadas por esta espécie é definida como:
<m16> df_2/dt~=~i_2f_2(1-f_1-f_2)~-~i_1f_1f_2~-~p_e f_2 </m>
A equação para a espécie 2 não tem nenhum coeficiente novo, apenas combinações diferentes deles:
A fração de manchas ocupadas pela espécie 1 no equilíbrio permanece
<m16>F_1~=~1~-~p_e/i_1</m>
E a fração de manchas ocupadas pela espécie 2 no equilíbrio é:
<m16>F_2~=~p_e/i_1~-~i_1/i_2</m>
Portanto, para que a metapopulação da espécie 2 seja viável neste modelo (F2>0), é preciso satisfazer a desigualdade
<m16>e/i_1~>~i_1/i_2</m>
Aqui há um tutorial explicando as dedução da fração de manchas ocupadas pela espécie 2 no equilíbrio, que você pode executar com o programa MAXIMA.
A dedução dos valores em equilíbrio pede apenas manipulações algébricas muito simples. Se você ainda se assusta com matemática, tenha em mente que o essencial é compreender a lógica de cada passo de dedução. Para as manipulações em si, há programas de matemática simbólica que podem lhe ajudar, como o MAXIMA, que é de uso livre 2).
Baixe e instale o programa com sua interface gráfica wxMaxima, abra o arquivo de comandos acima e tecle crtl-R
para executar.
Vamos usar simulação computacional para gerar uma dinâmica estocástica que segue as regras do modelo de equações diferenciais. A simulação é bastante parecida com as usadas nos exercícios de metapopulações:
fi1
e fi2
) e ocupe as manchas ao acaso com estas proporções.pi = i*f
.pe
).Usaremos novamente o ambiente R para realizar as simulações. Copie e cole os comandos abaixo para criar uma função em R que realiza a simulação e produz o gráfico de dinâmica de ocupação das manchas:
meta.comp<-function(tf,l,c,fi1,fi2,i1,i2,pe,plot.eq=FALSE,D=0){ F1 <- 1-(pe/i1) F2 <- pe/i1-i1/i2 if(F1<=0) F2 <- 1-(pe/i2) Nt <- l*c N <- floor(Nt*(1-D)) resultado=matrix(nrow=tf,ncol=3) n1 <- floor(fi1*N) n2 <- floor(fi2*N) antes <- sample(rep(c(2,1,0),c(n2,n1,N-(n1+n2)))) resultado[,1] <- 1:tf resultado[1,2:3] <- c(sum(antes==1),sum(antes==2))/N for(t in 2:tf){ depois <- rep(0,N) pi1=i1*sum(antes==1)/Nt pi2=i2*sum(antes==2)/Nt depois[antes==1]<-sample(c(0,1),sum(antes==1),replace=T,prob=c(pe,1-pe)) depois[antes==2]<-sample(c(0,2),sum(antes==2),replace=T,prob=c(pe,1-pe)) depois[antes==0] <- sample(c(0,2),sum(antes==0),replace=T,prob=c(1-pi2,pi2)) d1<-sample(c(0,1),sum(antes!=1),replace=T,prob=c(1-pi1,pi1)) depois[antes!=1][d1==1] <- 1 resultado[t,2:3]=c(sum(depois==1),sum(depois==2))/Nt antes <- depois } plot(1:tf,resultado[,2],type="l",xlab="Tempo",ylab="Fração de manchas ocupadas", ylim=c(0,1),main=paste("Competição com Colonização Interna","\n c=",c," l=",l," fi1=",fi1," fi2=", fi2,"\n i1=",i1," i2=",i2," pe=",pe," D=",D),font.lab=2,lwd=2, col="red") lines(1:tf,resultado[,3],col="blue", lwd=2) if(plot.eq==T){ abline(h=F1,col="red",lwd=1.5,lty=2) abline(h=F2,col="blue",lwd=1.5,lty=2) } if(D>0)abline(h=1-D,lty=2) legend("topright", c("Melhor competidora", "Pior competidora"),col=c("red","blue"),lty=1) invisible(resultado) }
Os argumentos da função são o número de linhas e colunas da matriz (l
, c
), e o número de intervalos de tempo para reiterar a simulação (tf
), fração inicial de manchas ocupadas por cada espécie (fi1
, fi2
), e os parâmetros do modelo (i1
, i2
, pe
) 3).
Comece com uma simulação com estes parâmetros:
meta.comp(tf=100,c=100,l=100,fi1=0.1,fi2=0.4,i1=0.4,i2=0.5,pe=0.25, plot.eq=FALSE)
Qual o valor das frações de manchas ocupadas em equilíbrio? Vamos calcular:
##Calcule o valor de F1 F1=1-0.25/0.4 F1 ## Calcule F2 F2 <- 0.25/0.4-0.4/0.5 F2
E podemos acrescentar as linhas destes valores no gráfico
##Adicione a linha de F1 ao grafico abline(h=F1, col="red", lty=2) ##Adicione a linha de F2 ao grafico abline(h=F2, col="red", lty=2)
Nesta simulação a metapopulação da espécie 2 se extingue. Verifique se os valores teóricos de F1 e F2 são coerentes com esta conclusão.
Definimos a espécie 2 como uma pior competidora. Isto a condena sempe à extinção? Estude o efeito de diferenças nas habilidades de colonização sobre a coexistência. Para isto, faça variar o parâmetro de colonização da espécie 2, mantendo os demais constantes. Identifique as condições de coexistência, e de extinção de cada espécie.
par(mfrow=c(2,2))
.plot.eq=FALSE
para plot.eq=TRUE
e você terá as linhas dos valores de equilíbrio.par(mfrow=c(1,1))
.Vamos começar a simulação com uma nova combinação de parâmetros, em que espécie 2 tem o triplo de capacidade de colonização que a espécie 1:
meta.comp(tf=100,c=100,l=100,fi1=0.1,fi2=0.1,i1=0.3,i2=0.9,pe=0.1, plot.eq=TRUE)
Ainda assim, a metapopulação da espécie 2 se extingue. Faça variar a probabilidade de extinção mantendo os demais parâmetros constantes, para investigar o efeito do regime de perturbação sobre este resultado.
D
, que só usaremos no exercício de Destruição de Habitat. Não é preciso especificar nenhum valor para ele por ora.