uma maior quantidade de ácidos vem sendo liberada na atmosfera e nas águas, especialmente o ácido sulfúrico (H2SO4) e o ácido nítrico (HNO3). Para se ter uma idéia, a água precipitada nas chuvas ácidas tem pH entre 4,5 e 2,8 em algumas regiões!
Os dois ácidos citados anteriormente já são liberados em larga escala pelos próprios processos da natureza: estima-se que entre 50 e 70 milhões de toneladas por ano de enxofre (que, reagindo com a água, produz o ácido sulfúrico), vêm especialmente de vulcões e da atividade microbiológica, e cerca de 30 a 40 milhões de toneladas de óxidos de nitrogênio por ano, principalmente de relâmpagos, queima de biomassa e processos microbiológicos. Essa grande quantidade de ácidos lançados pelos próprios processos naturais não modifica a acidez da chuva, pois é lançada no globo terrestre sem nenhum local de concentração específico e provém de processos equilibrados, que surgiram ao longo da evolução da Terra, lentamente.

Equações referentes à chuva ácida: no topo, a formação do ácido carbônico, a acidez normal da chuva; no meio, a formação do ácido sulfúrico e, por último, a formação do ácido nítrico

O problema da chuva ácida surge quando o homem lança grandes quantidades dessas substâncias na natureza de uma maneira concentrada: isso acontece principalmente próximo às indústrias. Estima-se que o homem lance entre 100 e 130 milhões de toneladas de dióxido sulfúrico e entre 60 e 70 milhões de toneladas de óxidos nítricos anualmente. O lançamento dessas substâncias é feito principalmente pela queima de combustíveis, especialmente nas indústrias. No hemisfério norte, o problema é ainda mais grave, pois as usinas que usam como fonte de energia o carvão são extremamente poluentes nesse aspecto.
Mas que problemas a chuva ácida traz consigo? Três dos principais problemas são:

1) O impacto em ecossistemas aquáticos, já que os animais e plantas desses ecossistemas vivem numa faixa ótima de pH: variações nesse pH podem interferir no modo como enzimas atuam, aumentando a mortandade ou dificultando a reprodução, especialmente das espécies animais ovíparas. Outro grande problema em ecossistemas aquáticos é que alguns metais, como o alumínio e o mercúrio, ficam livres na água quando esta está com o pH baixo, e esses metais são altamente tóxicos para animais e plantas.
2) O impacto em florestas: O solo das florestas não consegue continuamente neutralizar a chuva ácida e, em longo prazo, isso causa um aumento na concentração de alumínio (tóxico) e uma escassez de cálcio, mineral fundamental para o crescimento das plantas.
3) O impacto em materiais desenvolvidos pelo homem: quando materiais como o cimento entram em contato com a chuva ácida, reagem com ela e começam a erodir. Esse problema ocorre especialmente em monumentos e construções antigas, que tendem a erodir e sucumbir com o passar do tempo, acarretando grande prejuízo à cultura humana.

A única forma de amenizar esses problemas é diminuindo a emissão de gases na atmosfera. Muitas propostas têm sido estudadas, porém o problema é de difícil solução, pois mexe com políticas energéticas que vêm de longa data. Algumas leis para que se consiga estabelecer um controle sobre a emissão foram aprovadas, porém a indústria não as cumpre corretamente e o problema continua. É um problema sério e que deve ser tratado mundialmente, especialmente quando pensamos que essas substâncias “atravessam” países, podendo ser lançadas em um país e caírem na forma de chuva em outro (um exemplo clássico é que os países nórdicos têm índices elevados de chuva ácida, e essa é proveniente da grande emissão de ácidos do parque industrial da Inglaterra).