Fragmentação
de habitats
é o fenômeno onde uma área grande e contínua
de um habitat específico é diminuída e/ou dividida
em duas ou mais áreas. Essas novas áreas menores, separadas
umas das outras por ambientes diferentes do original (muitas vezes degradados,
ou construções humanas), acabam se tornando mais isoladas. Algumas características marcantes que diferenciam os habitats
fragmentados dos naturais são, além da diminuição
da área de habitat, o aumento considerável da
área de borda e a aproximação do centro do
fragmento de habitat da borda(diminuição da área
interna, sem efeito de bordas).
Mas
quais são as conseqüências disso para as espécies
lá viventes?
Em primeiro lugar, a fragmentação limita o potencial
de dispersão e colonização de uma determinada
espécie. Os animais que lá vivem não mais podem
andar livremente em busca de novas áreas, já que existe
uma barreira que os impede de se deslocarem. Isso é válido
também para sementes de plantas, que podem ser dispersas
pelo vento ou por animais, especialmente os frugívoros. Um
animal, ao tentar cruzar uma área livre, pode aumentar e
muito suas chances de ser predado.
A capacidade de forrageamento dos animais também é
comprometida. Muitos animais alimentam-se e buscam recursos em locais
diferentes de acordo com o período do ano, e, para isso,
precisam deslocar-se livremente. A fragmentação de
habitats impede esse deslocamento, comprometendo essa capacidade
que é fundamental para a sobrevivência da espécie.
A busca por parceiros para o acasalamento e a polinização
também ficam seriamente comprometidas.
Assim, a fragmentação de habitats leva ao surgimento
de duas ou mais sub-populações
de uma espécie, limitadas a uma área restrita; aumenta-se
as chances de acontecer endocruzamento.
Dessa forma, é possível que, com o tempo, as populações
entrem em extinção.
Outra conseqüência da fragmentação de habitats
são os efeitos de borda. As condições climáticam
tendem a modificar drasticamente nesses locais. Nas bordas de uma
floresta fragmentada, por exemplo, luz e temperatura aumentam, resultando
em solos mais quentes durante o dia, mais frios durante a noite,
e, especialmente, menos úmidos. Essas mudanças interferem
no crescimento de plantas e de animais que mais dependem de umidade.
A incidência de vento também aumenta, provocando estresse
em plantas: folhas e galhos são perdidos, e as plantas ficam
expostas a um solo seco. A umidade do ar diminui e a folha perde
mais água por transpiração.
Todas
essas mudanças microclimáticas proporcionam um ambiente
mais suscetível a queimadas, que podem prejudicar ainda mais
os pequenos fragmentos.
Por fim, uma área de borda maior propicia uma maior colonização
de espécies exóticas nesse ambiente, que competem
com as nativas e podem até extingui-las.