Conservação para Ensino Médio
Caramujo gigante africano, espécie exótica encontrada no Paraná Espécies exóticas
Autor:
Roberto Langanke
Indicado para:
Texto indicado para alunos do ensino médio
Espécies exóticas são espécies animais ou vegetais que se instalam em locais onde não são naturalmente encontradas. As maneiras pelas quais essas espécies chegam e se instalam nessas novas localidades são diversas. Sabe-se, por exemplo, que habitats alterados pelo homem e de climas quentes são mais propensos à instalação de espécies exóticas do que habitats conservados, por exemplo. Williamson(1996) propôs a lei dos 10%(por cento), que diz que cerca de 10% das espécies introduzidas se estabelecem no local de introdução e 10% dentro dessas que conseguiram se estabelecer tornam-se pragas.
O fato é que hoje em dia essas espécies invasoras representam um grande risco à biodiversidade no Planeta.

Isso acontece porque, em muitos casos, a chegada de espécies exóticas invasoras a um determinado habitat altera o equilíbrio ecológico local. Muitas dessas espécies, por possuírem determinadas características - como ciclo reprodutivo rápido, baixa demanda nutricional, parasistismo, etc - acabam por se tornar pragas, crescendo e multiplicando rapidamente e alocando recursos que antes eram suficientes para o bem estar de todas as espécies naquele habitat. Esse desequilíbrio no habitat geralmente tem graves conseqüências, especialmente nas espécies nativas do habitat, que podem morrer, e se forem específicas daquela região, podem ser extintas.
Segundo o livro “Global strategy on invasive alien species” , publicado em 2001 pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), a melhor maneira de se prevenir a presença de espécies exóticas invasoras num ambiente é prevenir diretamente, de alguma forma, a introdução dessas espécies. Classificam-se três principais modos pelos quais espécies exóticas invasoras se instalam:

1) As espécies são intencionalmente introduzidas. Nesse caso, um amplo estudo de manejo da espécie deve ser realizado antes de sua introdução, a fim de se evitar um futuro descontrole. Como exemplos de espécies intencionalmente introduzidas temos plantas para agricultura e pastagem; plantas ornamentais: introdução de organismos para controle biológico;etc.
2) As espécies são intencionalmente introduzidas apenas no cativeiro, porém fogem para o meio ambiente: nesse caso o manejo da espécie também é a melhor solução. Como exemplos temos: animais que fogem de zoológicos; plantas que se dispersam para fora de jardins botânicos; animais que vivem em cativeiro nas fazendas; etc.
3) Introduções acidentais: nesse caso não existe controle na introdução da espécie; a melhor maneira de solucionar o problema é a detecção rápida da dispersão da espécie. Como exemplos temos as diversas formas com que as sementes de plantas de dispersam (como exemplo, pelas fezes de pássaros); animais (especialmente insetos) que viajam escondidos em veículos automotores, navios, aviões; etc.

Capim-gordura (Melinis minutiflora)
Capim-gordura (Melinis minutiflora), espécie exótica introduzida para criação de gado e que se espalhou pelo cerrado


Tendo visto as formas como as espécies exóticas invasoras se instalam num novo ambiente, é hora de pensarmos em como prevenir esse fato. Como dito anteriormente, a melhor maneira de se prevenir é impedir diretamente a introdução da espécie. Como em muitos casos esse é um procedimento impraticável, especialmente nos casos de introdução acidental, outros modos de se controlar podem sem aplicados. Em primeiro lugar, a detecção de espécies que possuem grande potencial de se tornar exóticas invasoras é fundamental. Com essa detecção, as espécies podem ser analisadas e ter sua dispersão controlada. Alguns fatores que ajudam nessa detecção são: quanto maior a população inicial da espécie em questão e quanto maior a tolerância a diferentes tipos de clima, maior a chance de se tornar invasora. Espécies que também já foram diagnosticadas como potenciais invasoras em outros locais também merecem atenção.
Em segundo lugar, no caso de espécie invasora já instalada, sua erradicação é desejável, porém, isso nem sempre é possível. É necessário estudar o custo-benefício de tal erradicação, pois muitas vezes são processos caros e que precisam de muito tempo, ou que podem causar ainda mais danos ao ambiente. No caso de a erradicação não ser aplicável, então o controle sobre a espécie é a única solução a ser aplicada.
Apenas para se ter uma idéia dos prejuízos que podem ser gerados, estudo apresentado pela organização não governamental The Nature Conservancy (TNC) estima que mais de 1,4 trilhão de dólares, cerca de 5% da economia global, são gastos todos os anos na luta contra o avanço de espécies exóticas. No Brasil, esse valor chega a 50 bilhões de dólares por ano, segundo o coordenador do Programa de Recursos Genéticos do Ministério do Meio Ambiente, Lidio Coradin, em reportagem divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo.

 

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