Introdução:
As diferentes formações de cerrado recobriam originalmente
cerca de 14% do território paulista. Em 1992 restavam somente 1,17%
deste total. Por serem pouco protegidas pela legislação existente
e se localizarem em áreas de grande interesse para a agricultura,
a sua taxa de desmatamento em 30 anos, foi da ordem de 87% do que existia
no estado. O Workshop do Cerrado, realizado pelo PROBIO/SMA em 1995 e a
publicação do Inventário Florestal, motivaram a elaboração
deste projeto temático. Os objetivos específicos são:
a)
avaliar o estado de conservação de alguns fragmentos, utilizando
levantamento expedito e sensoriamento remoto orbital, partindo dos resultados
de Kronka et. al (1993) apresentados na Figura 1;
b) valorar
a conservação considerando o manejo sustentado de espécies
vegetais nativas com real ou potencial uso econômico;
c) propor
instrumentos para a conservação e reabilitação
de fragmentos localizados em propriedades privadas; e d) disseminar
os resultados para públicos não acadêmico, autoridades
e proprietários rurais.
Metodologia:
Através de sensoriamento remoto orbital e técnicas de
geoprocessamento, os fragmentos inscritos nas Zonas de Prioridade (em azul
na Figura 1) foram atualizados e visitados pela equipe de botânicos.
Lista de espécies foi levantada assim como indicadores do estado
de conservação, sempre de modo georreferenciado. Avaliações
de cunho econômico serão realizadas em áreas previamente
escolhidas, no decorrer deste e do próximo ano. Uma atualização
cartográfica dos fragmentos visitados e o cálculo de áreas
e perímetros que deverão nortear as investigações
sobre o estado de conservação. Estas avaliações
serão finalizados após reunião com especialistas e
comparação dos dados levantados pelo projeto na forma de
mapas.
Figura 2 – Distribuição das Zonas visitadas.
Resultados:
23 Zonas de prioridade máxima para conservação
foram visitadas (Zonas de A a V), como mostra a Figura 2. Dentro destas
zonas 130 fragmentos foram visitados, 116 analisados com detalhe. Já
foram identificadas 558 espécies de cerrado, restam algumas identificações
para serem feitas. Das Zonas visitadas 7 (F, I, J, N e O) não contêm
nenhum fragmento de cerrado; 5 fragmentos da Zona S não são
fragmentos cerrado; e um fragmento da Zona A é somente Mata Ciliar.
Está sendo feito um ajuste dos fragmentos de 1993 com os de hoje. Dos 66 já calculados, registrou-se uma perda de 34% de área de cerrado no estado. Esta perda é de três tipos: erro de classificação e imprecisão na digitalização em 1993; e perda real de área de cerrado.
Quanto ao estado de conservação o resultado preliminar
é o seguinte:
- 13 fragmentos apresentam indicadores de conservação
e não possuem indicadores de degradação;
- 18 fragmentos apresentam indicadores de degradação
e não apresentam indicadores de conservação; e
- 85 fragmentos apresentam ambos os indicadores.
A Dra. Giselda Durigan, responsável pela equipe de botânicos, encontra-se no Royal Botanic Garden of Edindurgh, em Edimburgo - Escócia, onde deverá aprimorar um índice de valor biológico para conservação que será utilizado para o diagnóstico final dos fragmentos.
A equipe econômica esta estudando em detalhe as Zonas A, B, C, D e G. Estão levantando dados dos municípios envolvidos para gerar o perfil dos proprietários e da região que deverá estar concluído até o final do ano. A equipe responsável pela divulgação vem acompanhando os trabalhos das demais equipes para desenhar as cartilhas produto desse projeto.
Existem 3 doutorandos e 2 mestrandas desenvolvendo teses e dissertações em algumas Zonas do projeto mãe. O primeiro doutorando está desenvolvendo um modelo multitemporal para minimizar erros de classificação quando se utiliza imagens de satélite para mapear cerrado. O segundo está calibrando medidas indiretas de fitomassa foliar no campo com assinaturas espectrais de vários sensores, também para minimizar os erros de classificação já mencionados. O terceiro está hierarquizando a pressão antrópica sobre fragmentos de cerrado em 4 das 23 Zonas do projeto mãe. A primeira mestranda está avaliando a capacidade de carga recreacional de uma região com fragmentos de cerrado com potencial para visitação pública. A segunda mestranda está estudando os efeitos de um projeto de desenvolvimento sustentado sobre um assentamento humano localizado em área de cerrado. Todos estes sub-projetos trarão alguma contribuição para o estudo da viabilidade de conservação dos remanescentes de cerrado que se encontram em estado lastimável.