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ensaios:helbert_medeiros_prado [2009/11/18 21:07] pauloensaios:helbert_medeiros_prado [2011/07/20 14:40] (atual) – edição externa 127.0.0.1
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 Posteriormente, Connel (1978) defendeu explicitamente a relevância das mudanças ambientais, mais especificamente de perturbações intermediárias (entre outros mecanismos), sobre a diversidade de espécies numa dada localidade. Neste artigo, o autor apóia as hipóteses para as quais a alta diversidade de espécies é mantida somente quando a composição de espécies está em constante alteração (hipóteses de não equilíbrio), em detrimento às hipóteses de equilíbrio. Uma atenção especial é dada à “hipótese do distúrbio intermediário”, segundo a qual o mais alto nível de diversidade é mantido mediante a ocorrência de distúrbios em escala, frequência e intensidade intermediárias. Uma versão teórica (matemática) da hipótese de distúrbio intermediário de Connel (1978) foi desenvolvida por Huston (1979). Posteriormente, Connel (1978) defendeu explicitamente a relevância das mudanças ambientais, mais especificamente de perturbações intermediárias (entre outros mecanismos), sobre a diversidade de espécies numa dada localidade. Neste artigo, o autor apóia as hipóteses para as quais a alta diversidade de espécies é mantida somente quando a composição de espécies está em constante alteração (hipóteses de não equilíbrio), em detrimento às hipóteses de equilíbrio. Uma atenção especial é dada à “hipótese do distúrbio intermediário”, segundo a qual o mais alto nível de diversidade é mantido mediante a ocorrência de distúrbios em escala, frequência e intensidade intermediárias. Uma versão teórica (matemática) da hipótese de distúrbio intermediário de Connel (1978) foi desenvolvida por Huston (1979).
  
-A hipótese de que a coivara promove a agricultura está de acordo com as hipóteses de não-equilíbrio defendidas por Connel (1978), especialmente com a “hipótese de distúrbio intermediário”. De fato, nos contextos onde a agricultura de corte e queima é praticada há um padrão de constante mudança na composição de espécies no tempo (sucessão) e no espaço (manchas em diferentes estádios de regeneração) (Pedroso et al. 2008). Contrariamente, do ponto de vista das “hipóteses de equilíbrio” (Connel 1978), para os quais a mais alta diversidade de espécies é mantida sob a estabilidade ambiental e na composição de espécies, a coivara seria altamente impactante à biodiversidade.+A hipótese de que a coivara promove a agricultura((civara promove agricultura? Não entendi)) está de acordo com as hipóteses de não-equilíbrio((isto não doi definido)) defendidas por Connel (1978), especialmente com a “hipótese de distúrbio intermediário”. De fato, nos contextos onde a agricultura de corte e queima é praticada há um padrão de constante mudança na composição de espécies no tempo (sucessão) e no espaço (manchas em diferentes estádios de regeneração) (Pedroso et al. 2008). Contrariamente, do ponto de vista das “hipóteses de equilíbrio” (Connel 1978), para os quais a mais alta diversidade de espécies é mantida sob a estabilidade ambiental e na composição de espécies((isto é uma formulação particular de um modelo de equilíbrio. Senti falta de uma apresnetção mais geral desta classe de modelos, em contraposição aos de não-equilíbrio)), a coivara seria altamente impactante à biodiversidade.
  
-Vale mencionar que, apesar do termo “agricultura de corte e queima” se referir a uma categoria geral, sabe-se que a mesma apresenta variações no modo como é praticada, e que suas consequências sobre a biodiversidade dependem do contexto regional no qual a mesma se insere (Pedroso et al. 2008). Nesse sentido, a analogia que faço entre distúrbio intermediário e agricultura de corte e queima é um exercício teórico, de modo que sua validade deve ser testada a partir de dados empíricos. +Vale mencionar que, apesar do termo “agricultura de corte e queima” se referir a uma categoria geral, sabe-se que a mesma apresenta variações no modo como é praticada, e que suas consequências sobre a biodiversidade dependem do contexto regional no qual a mesma se insere (Pedroso et al. 2008). Nesse sentido, a analogia que faço entre distúrbio intermediário e agricultura de corte e queima é um exercício teórico((todo o ensaio é)), de modo que sua validade deve ser testada a partir de dados empíricos((o que está em questão aqui é o grau de perturbação causado pela coivara?))
  
 ===== Heterogeneidade espacial ===== ===== Heterogeneidade espacial =====
  
-A partir da década de 1980 novos modelos teóricos passaram a considerar a heterogeneidade espacial nos processos ecológicos. O conceito de heterogeneidade espacial se refere à variação a disponibilidade de recursos e nas condições ambientais entre diferentes pontos do espaço. Tilman (1982), por exemplo, demonstrou que a variação espacial nas taxas de suprimento de recursos pode promover a riqueza de espécies num dado contexto regional. O mesmo modelo ainda sustenta que as relações intermediárias no suprimento dos recursos favoreceriam a coexistência das duas espécies. Para mais de duas espécies, a ocorrência de trade-offs permitiriam que cada espécie melhor desempenho ecológico em determinadas combinações de suprimento dos dois recursos. Desse modo, ainda que mais de duas espécies não possam coexistir num dado local com base em dois recursos, o ambiente pode oferecer uma gama de combinações de suprimento dos recursos que contemplem todas as duplas de espécies possíveis, promovendo, assim, a riqueza de espécies no âmbito regional.  +A partir da década de 1980 novos modelos teóricos passaram a considerar a heterogeneidade espacial nos processos ecológicos. O conceito de heterogeneidade espacial se refere à variação a disponibilidade de recursos e nas condições ambientais entre diferentes pontos do espaço. Tilman (1982), por exemplo, demonstrou que a variação espacial nas taxas de suprimento de recursos pode promover((aumentar? manter um certo número de espécies?)) a riqueza de espécies num dado contexto regional. O mesmo modelo ainda sustenta que as relações intermediárias no suprimento dos recursos favoreceriam a coexistência das duas espécies. Para mais de duas espécies, a ocorrência de trade-offs permitiriam que cada espécie melhor desempenho ecológico em determinadas combinações de suprimento dos dois recursos. Desse modo, ainda que mais de duas espécies não possam coexistir num dado local com base em dois recursos, o ambiente pode oferecer uma gama de combinações de suprimento dos recursos que contemplem todas as duplas de espécies possíveis, promovendo, assim, a riqueza de espécies no âmbito regional.  
-Outro mecanismo de coexistência baseado em trade-offs entre espécies e heterogeneidade espacial é demonstrado por Tilman e Pacala (1993). Esse modelo basicamente mostra que diferentes espécies apresentam suas habilidades competitivas ótimas sob diferentes condições ambientais, que por sua vez variam entre diferentes pontos no espaço. Nesse caso, os trade-offs são mediados por fatores físicos como, por exemplo, temperatura, de modo que se o ambiente apresenta variação espacial suficiente desse fator, um número ilimitado de espécies é esperado coexistir de acordo com o modelo. +Outro mecanismo de coexistência baseado em trade-offs entre espécies e heterogeneidade espacial é demonstrado por Tilman e Pacala (1993). Esse modelo basicamente mostra que diferentes espécies apresentam suas habilidades competitivas ótimas sob diferentes condições ambientais, que por sua vez variam entre diferentes pontos no espaço. Nesse caso, os trade-offs são mediados por fatores físicos como, por exemplo, temperatura, de modo que se o ambiente apresenta variação espacial suficiente desse fator, um número ilimitado de espécies é esperado coexistir de acordo com o modelo((a inclusão nestes modelos do balança entre suprimento e consumo pode ficar mais clara, dadas as ligações que podem ser feitas com pousio))
  
-Em geral, a agricultura de corte e queima  aumenta a heterogeneidade ambiental. A sucessão ecológica que se estabelece após o abandono da área cultivada, por ser um processo de regeneração florestal, apresenta diferentes comunidades e condições microclimáticas ao longo do tempo, o que resulta numa paisagem formada por um mosaico de manchas de habitat em diferentes estádios de regeneração no tempo e no espaço, e sob diferentes condições físicas (como temperatura, luminosidade e umidade) (Pedroso et al. 2008). Nesse sentido, esse padrão paisagístico gerado pela coivara pode resultar numa variação espacial nas taxas de suprimento de recursos, o que de acordo com o modelo de Tilman (1982), promove a riqueza de espécies no âmbito regional. A mesma paisagem antropogênica originada a partir da coivara também pode ser análoga ao cenário no qual, segundo o modelo de Tilman e Pacala (1993), a riqueza de espécies é favorecida.+Em geral, a agricultura de corte e queima  aumenta a heterogeneidade ambiental. A sucessão ecológica que se estabelece após o abandono da área cultivada, por ser um processo de regeneração florestal, apresenta diferentes comunidades e condições microclimáticas ao longo do tempo, o que resulta numa paisagem formada por um mosaico de manchas de habitat em diferentes estádios de regeneração no tempo e no espaço, e sob diferentes condições físicas (como temperatura, luminosidade e umidade) (Pedroso et al. 2008). Nesse sentido, esse padrão paisagístico gerado pela coivara pode resultar numa variação espacial nas taxas de suprimento de recursos, o que de acordo com o modelo de Tilman (1982), promove a riqueza de espécies no âmbito regional. A mesma paisagem antropogênica originada a partir da coivara também pode ser análoga ao cenário no qual, segundo o modelo de Tilman e Pacala (1993), a riqueza de espécies é favorecida((outro aspecto a explorar é a relação entre pousio e renovação dos recursos)).
  
 ===== Considerações Finais ===== ===== Considerações Finais =====
 +((Considerações gerais sobre o ensaio: Vc atendeu muito bem a proposta de articular conceitos discutidos na disciplina com sua pesquisa.  Mesmo com as limitações de tempo e espaço, senti falta de maior diversificação da bibliografia de ecologia teórica, já que vc se apoiou basicamente no artigo do Giacomini; e também de uma breve discussão de dois conceitos centrais: escala e o binômio equilíbrio/não equilíbrio.))
 Em tese, é possível afirmar que a prática da agricultura de corte e queima em florestas tropicais reúne um conjunto de características presentes em algumas das principais teorias ecológicas sobre a riqueza de espécies em comunidades biológicas, especialmente aquelas que incorporam as subdivisões no espaço e heterogeneidade espaço-temporal em seus modelos. O argumento de que a coivara é análoga aos processos naturais que promovem diversidade, no entanto deve ser aplicado com cautela, uma vez que sua validade depende das condições nas quais essa atividade é desenvolvida, como a intensidade do cultivo e do uso do fogo, o tempo destinado ao pousio, o tamanho das clareiras formadas e como estas se distribuem na paisagem, além da quantidade de remanescentes florestais em estádios avançados de regeneração presente na paisagem (Murrieta 2009). Nesse sentido, ao invés de se discutir se a agricultura de corte e queima é ou não prejudicial à biodiversidade, talvez a questão de maior pertinência seja: Sob quais condições a agricultura de corte e queima favorece a diversidade de espécies em florestas tropicais? Em tese, é possível afirmar que a prática da agricultura de corte e queima em florestas tropicais reúne um conjunto de características presentes em algumas das principais teorias ecológicas sobre a riqueza de espécies em comunidades biológicas, especialmente aquelas que incorporam as subdivisões no espaço e heterogeneidade espaço-temporal em seus modelos. O argumento de que a coivara é análoga aos processos naturais que promovem diversidade, no entanto deve ser aplicado com cautela, uma vez que sua validade depende das condições nas quais essa atividade é desenvolvida, como a intensidade do cultivo e do uso do fogo, o tempo destinado ao pousio, o tamanho das clareiras formadas e como estas se distribuem na paisagem, além da quantidade de remanescentes florestais em estádios avançados de regeneração presente na paisagem (Murrieta 2009). Nesse sentido, ao invés de se discutir se a agricultura de corte e queima é ou não prejudicial à biodiversidade, talvez a questão de maior pertinência seja: Sob quais condições a agricultura de corte e queima favorece a diversidade de espécies em florestas tropicais?
    
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 =====Referências Bibliográficas ===== =====Referências Bibliográficas =====
  
ensaios/helbert_medeiros_prado.1258578477.txt.gz · Última modificação: 2011/07/20 14:39 (edição externa)
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